Parlamento da Venezuela declara ex-premiê espanhol persona non grata
O Parlamento da Venezuela declarou persona non grata o ex-premiê espanhol Felipe González (1982-1996), que planeja viajar a Caracas para juntar-se à defesa de dois líderes opositores presos.
A medida foi aprovada na terça-feira (21), após ser apresentada pelo Partido Comunista da Venezuela, que forma parte da dominante bancada alinhada com o presidente, o socialista Nicolás Maduro.
Embora também seja socialista, González é acusado por Maduro de se imiscuir em temas domésticos venezuelanos ao apoiar esforços pela libertação do líder direitista Leopoldo López (preso há um ano) e do prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma (detido em fevereiro).
López e Ledezma são acusados de conspirar para promover um golpe de Estado.
Não está claro se o ex-presidente brasileiro Fernando Henrique Cardoso, que também pretende defender López e Ledezma, foi declarado persona non grata.
Nesta quarta, González anunciou que pretender viajar à Venezuela em maio e ressaltou que continuará participando da defesa dos políticos presos mesmo que seja impedido de entrar no país.
Em tese, o status de persona non grata decretado pelo Legislativo não é vinculante. Neste caso, porém, a medida representa clara manifestação política de repúdio endossada pelo Executivo.
J.J. Guillén - 12.abr.2015/Efe | ||
O ex-premiê da Espanha Felipe González na Conferência Municipal do PSOE, em Madri |
Mesmo sem considerar alguém persona non grata, governos podem barrar a entrada de quem quiserem sem justificava. Segundo convenções internacionais, Estados são soberanos sobre o acesso de estrangeiros a seu território.
O caso surge em meio à deterioração dos laços entre Caracas e Madri. Nesta quarta (22), a Espanha convocou para consultas seu embaixador na Venezuela em sinal de protesto a Maduro, que havia chamado de racista o premiê espanhol, Mariano Rajoy, notório crítico de seu governo.
Maduro vem acusando Rajoy e outros líderes de usar o tema dos direitos humanos como instrumento de pressão política contra Caracas.
A deterioração na relação da Venezuela com a Espanha contrasta com indícios de apaziguamento com os EUA.
Críticos acusam Maduro de apontar para inimigos externos na tentativa de desviar o foco dos graves problemas que afetam a Venezuela, incluindo inflação, desabastecimento e violência.
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