'Séculos de história foram destruídos em segundos', lamenta nepalês
Morador a vida inteira de um prédio na praça Durbar, centro social, cultural e religioso de Katmandu, o comerciante Amulya Tamrakar, 46, se acostumou a ter de sua janela a vista de um dos espetaculares templos hindus do século 16.
Após o terremoto do último sábado, só restaram escombros.
Marcelo Ninio/Folhapress | ||
Comerciante Amulya Tamrakar, que sobreviveu ao terremoto no Nepal |
"Séculos de história e cultura foram destruídos em poucos segundos", lamentava Amulya nesta terça-feira (28), enquanto acompanhava os esforços de uma equipe de resgate da Alemanha em busca de sobreviventes.
Enquanto a tragédia humana continua a crescer, com milhares de mortos, o estrago causado ao patrimônio histórico do Nepal é outro lado doloroso do desastre.
Construído com a madeira de uma única árvore, o templo hindu Kasthamandap ("abrigo de madeira", em sânscrito) era o mais conhecido da praça Durbar, um marco da capital nepalesa.
O terremoto de sábado (25) reduziu a imponente construção a uma montanha de madeira, soterrando ao menos 25 pessoas.
Amulya conta que se preparava para almoçar quando o terremoto começou. Sem pensar muito, colocou a mãe de 73 anos no colo e desceu correndo os cinco andares de escada.
Ao sair do prédio teve um choque. "Cresci correndo em volta deste templo, era o meu playground", diz Amulya. Ele diz que ajudou a retirar 17 pessoas dos escombros, mas só três sobreviveram.
Vários outros prédios históricos viraram ruínas na praça Durbar.
Três dias depois do terremoto, ainda há esperança de encontrar sobreviventes soterrados, mas ela diminui a cada minuto.
"O prazo máximo para achar alguém com vida nessas circunstâncias é de cinco dias", disse Stefan Heine, porta-voz da organização de resgate alemã ISAR. "É uma terrível corrida contra o tempo."
Graphic News/Editoria de Arte/Folhapress | ||
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