Pressionada, Bachelet propõe fim de doação eleitoral por empresa no Chile
Com o noticiário dominado por escândalos de corrupção, a presidente do Chile, Michelle Bachelet, anunciou medidas para alterar o sistema político e eleitoral do país.
Em rede nacional na noite desta terça (27), Bachelet afirmou que vai propor o fim do financiamento de empresas a campanhas eleitorais, a redução dos gastos e a limitação dos espaços destinados à propaganda política.
A presidente anunciou ainda a criação, em setembro, de grupos de trabalho para debater a redação da nova Constituição, como vinha propondo. A atual foi criada sob a ditadura Pinochet (1973-90).
Segundo Bachelet, as propostas serão detalhadas até o fim da próxima semana.
Com o pior nível de aprovação popular deste que chegou à Presidência pela primeira vez, em 2006, Bachelet tenta se refazer da onda de mau humor provocada por escândalos envolvendo políticos de todos os partidos e até a família presidencial.
Seu filho, Sebastián Dávalos, é acusado de ter facilitado um empréstimo do Banco do Chile para a empresa de sua mulher. Ela teria usado o dinheiro para comprar terrenos e revendê-los em seguida por um preço mais alto.
Políticos da oposição e da base aliada são investigados por supostas doações ilegais a campanhas eleitorais, com recursos que empresas deveriam ter pagado em impostos.
Martin Bernetti - 13.abr.2015/AFP | ||
Sebastián Dávalos, filho de Michelle Bachelet, ao sair da Promotoria da República, em Rancagua |
Em seu discurso, Bachelet fez referência aos escândalos.
"O país tomou conhecimento de irregularidades, corrupção e casos de falta de ética que afetam a política e os negócios. Isso é grave, porque deteriora nossa democracia e cria abusos, privilégios e desigualdades", afirmou.
Em resposta, ela propõe criar regras para a relação de empresas e órgãos públicos.
FINANCIAMENTO
As propostas preveem que o financiamento das campanhas eleitorais seja feito pelo Estado. Em troca, os partidos terão que cumprir exigências e controles, como registrar todos os seus militantes, criar sistemas internos democráticos e ter contabilidade transparente e fiscalizada.
A presidente informou ainda que a atividade de lobby deverá ser registrada e será ampliada a informação sobre bens de servidores públicos.
Conselheiros e diretores de empresas estatais, prefeitos e oficiais das Forças Armadas também deverão divulgar seu patrimônio pessoal, assim como seus maridos e mulheres.
O governo quer ampliar a fiscalização de empresas contratadas pelo setor público. "O Estado não é para fazer negócios, e negócios limpos não usam inapropriadamente recursos e prerrogativas do Estado", disse Bachelet.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis