Itália elege candidato considerado 'ficha suja'
A região italiana da Campânia elegeu no domingo (31) um "impresentável", a terminologia italiana para os que no Brasil são chamados de "ficha-suja".
Vincenzo De Luca, candidato do PD (Partido Democrático, do primeiro-ministro Matteo Renzi), foi incluído em uma lista de 17 "impresentáveis" elaborada pela presidente da Comissão Antimáfia do Parlamento, a deputada Rosy Bindi, também do PD.
Ciro De Luca - 31.mai.2015/Reuters | ||
Vincenzo De Luca, do Partido Democrático italiano, deixa urna após votar em Salerno |
Em tese, os incluídos na lista não podem ser votados, mas como a lista só foi divulgada na sexta-feira (29), 48 horas antes do voto, não houve tempo para afastá-lo.
De todo modo, De Luca fica "subjudice" até a sua situação ser definitivamente resolvida.
Ele é acusado de abuso de poder, quando prefeito de Salerno, no caso da concessão de uma incineradora a uma firma do setor privado (supostamente controlado pela máfia).
O resultado da Campânia foi o grande triunfo do premiê Renzi, que acusa Rosy Bindi, sua adversária interna, de querer vingar-se dele por ter se imposto no partido de ambos.
Por isso mesmo, a eleição nessa região foi acompanhada com lupa pelo mundo político, embora houvesse votação também em outras seis regiões.
No conjunto delas, foi o típico caso de copo meio cheio, meio vazio, para Renzi: seu partido ganhou cinco das sete regiões, mas só desbancou a centro-direita exatamente na Campânia.
As outras (Toscana, Umbria, Marche e Puglia) já eram feudos centro-esquerdistas.
Para compensar a virada na Campania, o PD de Renzi perdeu na Ligúria, por culpa de divisões internas.
A votação global do PD também pode ser vista com os óculos do meio-cheio-meio-vazio: se somados seus votos aos dos partidos coligados, chegou a 38%, perto dos 41% que foram obtidos nas europeias do ano passado, um triunfo inigualado por outros governantes europeus naquele momento.
Mas, isoladamente, o partido governante não passou de 23%, uma queda significativa.
O baixo comparecimento (só a metade dos inscritos votou), indica que os italianos continuam insatisfeitos com seus políticos, mesmo depois da regeneração prometida por Renzi.
Tanto é assim que o Movimento 5 Estrelas, antissistema por excelência, conseguiu a maioria relativa em três das sete regiões e firmou-se como o segundo partido italiano.
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