Vírus de Israel atacou redes de hotéis de diálogo com o Irã, diz empresa
A companhia russa Kaspersky disse nesta quarta-feira (10) que um vírus de computador feito pelos serviços de inteligência de Israel atacou sistemas de hotéis que foram usados nas negociações entre o Irã e as potências sobre o programa nuclear.
A invasão das redes é mais um componente da espionagem aos diálogos. O Estado judaico é contra o acordo por acreditar que os iranianos continuam a desenvolver uma bomba nuclear para atacá-lo, o que é negado por Teerã.
Segundo o jornal americano "The Wall Street Journal", os israelenses instalaram desde 2014 uma versão aprimorada do vírus Duqu nos sistemas de três hotéis, cujos nomes não foram mencionados pela empresa russa.
Os pesquisadores da Kaspersky não sabem que tipo de informação pode ter sido coletada. Dentre as possibilidades, estão o acesso a telefones, internet wi-fi e sistemas que controlam alarmes, portas de quartos e elevadores.
A empresa russa, que possui programas antivírus e de segurança cibernética, afirma ter começado a investigar a trajetória do vírus quando um funcionário do escritório da empresa para a região Ásia-Pacífico recebeu o arquivo.
O invasor também teria foi colocado nos sistemas de um dos locais do evento que lembrou os 70 anos da liberação do campo de concentração nazista de Auschwitz, na Polônia, que teve a participação de diversas autoridades europeias.
O governo de Israel não comentou sobre o caso. O FBI (Birô Federal de Investigações, sigla em inglês) disse que começou uma investigação sobre a espionagem cibernética.
URÂNIO
Segundo a Kaspersky, esta versão do vírus teria sido baseada no primeiro Duqu, criado em 2011, para tentar interceptar as redes responsáveis por controlar as centrífugas de enriquecimento de urânio das instalações nucleares do Irã.
Os israelenses não tiveram sucesso no plano. Anteriormente, as redes dos programa nuclear haviam sido invadidas pelo Stuxnet, vírus criado pelos Estados Unidos que interferiu nas centrífugas e desaceleraram o enriquecimento de urânio.
Em fevereiro, o governo americano acusou Israel de usar vazamentos dos diálogos obtidos por espionagem para distorcer a posição americana sobre o acordo do Irã com o grupo P5+1 –EUA, Reino Unido, França, Rússia, China e Alemanha.
Desde 2014, as negociações sobre o programa nuclear iraniano ocorreram nas cidades de Genebra, Montreux e Lausanne, na Suíça; Munique, na Alemanha, e Viena, na Áustria.
Questionados pelo jornal "The Wall Street Journal", os hotéis que abrigaram os diálogos em Lausanne e Genebra disseram não ter conhecimento sobre a espionagem. Os demais não comentaram sobre o caso.
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