Base de acordo com Irã é a verificação, e não a confiança, diz Obama
Andrew Harnik/Reuters | ||
Presidente dos EUA, Barack Obama, fala sobre acordo com Irã ao lado de seu vice, Joe Biden |
O presidente dos EUA, Barack Obama, caracterizou o acordo histórico com o Irã anunciado nesta terça-feira (14) como uma oportunidade de os inimigos de longa data se moverem em uma "nova direção".
Em seu pronunciamento na Casa Branca, o líder norte-americano afirmou aos que veem com ceticismo a negociação que "esse acordo não é construído na confiança; ele é construído na verificação", referindo-se ao fato de que o haverá inspeções para verificar se Teerã respeita os termos do documento.
O líder norte-americano também advertiu o Congresso de que seria irresponsável bloquear o acordo e afirmou que vetará qualquer legislação do Congresso que tente bloquear a implementação do acordo.
"A falta de um acordo significa um risco maior de mais guerras no Oriente Médio", disse Obama ao lado de seu vice, Joe Biden.
Já o presidente do Irã, Hassan Rowhani, disse que um "novo capítulo" começou nas relações de seu país com o mundo.
O acordo histórico para limitar o programa nuclear da República Islâmica em troca do alívio de sanções foi alcançado em Viena após 20 meses de difíceis negociações.
O acordo, buscado como eixo da política externa do presidente americano, tem como objetivos impedir que o Irã obtenha armas nucleares e evitar outra intervenção militar americana no mundo muçulmano.
O pacto impossibilitará que o Irã produza, por ao menos dez anos, material suficiente para a confecção de uma bomba e impõe novas provisões para inspeções em instalações iranianas, incluindo militares.
Participaram das negociações representantes do Irã e do grupo chamado G+1 (Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido, mais Alemanha).
PONTOS DO ACORDO
Sob o acordo, sanções impostas pelos EUA, pela União Europeia e pela ONU serão suspensas em troca de o Irã limitar em longo prazo o seu programa nuclear para que não tenha capacidade de construir uma bomba atômica.
O Irã concordou com a continuidade do embargo de armas da ONU sobre o país por até cinco anos. O prazo, porém, poderia terminar antes se a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) verificar que o país persa não há nenhum trabalho com o objetivo de conseguir armas.
Condição similar foi imposta em relação à restrição da ONU à transferência de tecnologia de mísseis balísticos a Teerã, que poderia durar até oito anos.
Outro ponto significativo permitirá aos inspetores da ONU pressionar por visitas a locais militares do Irã como parte de suas tarefas de monitoramento, algo que o líder supremo, aiatolá Ali Khamenei, sempre prometeu se opor.
Entretanto, o acesso não é garantido e poderia ser adiado, condição que os críticos do acordo certamente apontarão como uma forma de dar a Teerã tempo para encobrir qualquer atividade ilegal.
Embora o Irã sempre tenha negado ter interesse em desenvolver um arsenal atômico, o Ocidente suspeitava que esse fosse o objetivo de seu programa nuclear, iniciado em 2006, e impunha sanções econômicas e militares severas sobre o país.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Segundo o chanceler francês, Laurent Fabius, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) deve endossar o acordo "em questão de dias".
A AIEA disse que deve assinar um plano de ação para resolver questões ainda em disputa até 15 de dezembro.
Segundo o chanceler iraniano, Mohammed Javad Zarif, que classificou o acordo como um "momento histórico", disse que o pacto "não é compreensivo para todas as partes mas é a melhor conquista possível".
A chefe de política externa da União Europeia, Federica Mogherini, disse que o acordo representa "um sinal de esperança para todo o mundo".
"É uma decisão que pode abrir o caminho para um novo capítulo nas relações internacionais", afirmou Mogherini em Viena.
Por sua vez, o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, criticou o acordo por considerar que ele não impede o Irã de construir a bomba nuclear, representando uma ameaça regional aos israelenses.
"O Irã receberá um grande prêmio, uma bonança de centenas de bilhões de dólares, o que lhe permitirá continuar a buscar sua agressão e seu terror na região e no mundo. Este é um péssimo erro de proporções históricas, disse Netanyahu em Jerusalém.
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