Opinião
Atentado expõe ligação do governo turco com Estado Islâmico
As 32 vítimas do recente atentado terrorista em Suruç, na Turquia, eram militantes da esquerda, integravam a oposição ao atual regime e se preparam para viajar a região onde as forças curdas dão combate aos fanáticos militantes do Estado Islâmico.
Todos jovens, pertenciam ao SGDF ou Federação dos Jovens Socialistas que atua em conjunto com o HDP), o mais popular movimento político curdo.
A autoria do atentado foi reivindicado pelo Estado Islâmico. Serviços de inteligência do Egito e de Israel afirmam que o fato de ter sido executado no interior da própria Turquia expõe o suposto grau de comprometimento do governo de Ancara com essa facção extremista.
Segundo fontes do Mossad israelense, o governo turco permitiu a construção de três campos de treinamento para extremistas em território fronteiriço com Síria e o Iraque. Esses centros de treinamento –ainda segundo as fontes israelenses– são supervisionados por agentes do serviço secreto turco.
Os jovens mortos no atentado de Suruç, além de opositores ao regime turco, eram considerados inimigos do Estado Islâmico. Eles seguiriam para Kobani, cidade turca destruída pelos radicais, para combater e ajudar na sua reconstrução.
SINAI
Porta-voz militar egípcio afirmou no dia 8 de julho último que oficiais da inteligência turca haviam sido capturados na região do Sinai onde se encontravam envolvidos nas operações de terror e guerrilha levadas a cabo pelo Estado Islâmico.
Integrantes do Estado Islâmico, infiltrados no território egípcio, vinham, por outro, lado operando para a derrubada do governo do general Abdel Fattah al-Sisi. Os agentes pertencentes à Organização Nacional de Inteligência da Turquia (NIO) incluiriam o coronel Ismail Aly Bal (descrito como coordenador de operações de combate), e os operadores Diaa al-Din Mehmet Gado, Bakoush al-Husseini e Abdallah al-Turki.
No dia 12 de julho, informou ainda o porta-voz militar egípcio, as autoridades desmantelaram uma célula terrorista do EI cujas instruções operativas eram fornecidas pela sucursal da Irmandade Muçulmana na Turquia, cuja missão é a de desestabilizar o Egito.
Egito e Turquia tiveram suas relações estremecidas desde que o presidente Mohammed Mursi, líder da Irmandade Muçulmana, foi derrubado do poder por al-Sisi. O governo turco considerou a ação um golpe de Estado, e grande parte da liderança e dos militantes da Irmandade Muçulmana buscou refúgio na Turquia.
Desde então, o Estado Islâmico e a própria Irmandade Muçulmana vêm operando no deserto do Sinai, atacando e matando caravanas turísticas e guarnições do exército egípcio que estão acantonadas na região.
Para analistas israelenses, assumindo que as informações divulgadas pelo Egito sejam corretas, elas confirmarão o que o governo turco vem sistematicamente tentando negar: a existência de uma aliança secreta com o Estado Islâmico, bem como com outros grupos radicais islâmicos que combatem na Síria e no Iraque.
A Turquia vem sendo acusada de facilitar a passagem de guerrilheiros e armamentos do Estado Islâmico que cruzam suas fronteiras em direção aos territórios sírio e iraquiano e de tolerar o comércio de mercadorias roubadas por integrantes do EI.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis