Eleições de Tucumán opõem candidatos à Presidência na Argentina
A província de Tucumán, no norte da Argentina, concentra pouco mais de 3,5% dos eleitores do país. Mas a eleição para governador, cujos resultados estão sendo apurados em meio a denúncias de casos de violência, virou uma disputa entre os candidatos à Presidência.
O candidato kirchnerista a governador, Juan Luiz Manzur, que foi ministro da Saúde de Cristina Kirchner, está vencendo o opositor José Cano por 54,4% a 40,7%. A província é administrada pelo governista José Alperovich desde 2003 e teve eleições para governador neste domingo (23).
Às 12h desta segunda (24), 80% dos votos de Tucumán haviam sido apurados.
A oposição nacional, liderada pelo candidato Mauricio Macri, da coligação Cambiemos (Mudemos, em português) rejeita o resultado, alegando que houve fraudes e violência na localidade neste domingo.
URNAS INCENDIADAS
A Junta eleitoral da província, ligada ao poder judiciário, informou nesta segunda (24) que 42 urnas foram incendiadas e seis policiais foram feridos. A oposição responsabiliza cabos eleitorais ligados ao candidato kirchnerista pelos casos de violência.
Há relatos de que comitês de campanha da oposição foram atacados a tiros e fiscais, ameaçados de morte.
O cinegrafista Jorge Ahualli, do canal de TV CCC, de Tucumán, foi agredido ao flagrar uma suposta entrega de comida a eleitores em troca de votos.
Nesta segunda (24), Macri se expressou pelas redes sociais: "Foi uma jornada eleitoral marcada por muitíssimas irregularidades e imagens que nunca gostaríamos de ver na Argentina".
Daniel Scioli, candidato a presidente do governo Kirchner, defendeu o resultado e afirmou que a oposição levanta suspeitas sobre a eleição porque não gostou do resultado.
"Macri tem que aceitar a regra democrática. Quando o resultado não é como eu quero, não posso defender suspender as eleições, a apuração, só porque o resultado não me agrada", disse Scioli, em entrevista à rádio Mitre. "Ninguém avaliza nenhum ato de violência, mas é preciso acatar a vontade do povo".
O governista afirmou que as urnas incendiadas foram 42 em um total de 3.400, o que confirma a vitória do candidato kirchnerista.
Scioli esteve na capital da província, San Miguel de Tucumán, na noite deste domingo (23), para celebrar o resultado ao lado do aliado. Mas evitou falar das suspeitas até esta segunda.
Sergio Massa, candidato a presidente pela coligação UNA (Unidos por uma Nova Argentina), que representa peronistas que não estão de acordo com o kirchnerismo (ala mais radical do peronismo), também criticou a eleição em Tucumán e pediu a recontagem dos votos.
A decisão será da Junta Eleitoral da província.
"Absolutamente não se pode dizer que Manzur seja o governador. É preciso abrir as urnas", disse Massa, em entrevista à rádio Red. "Isso já vimos em várias províncias durante as [eleições] primárias. Há provas categóricas de que os resultados enviados são diferentes do que se contou nas urnas".
A Argentina vive sua mais disputada eleição presidencial desde 2003, quando foi eleito Néstor Kirchner. Nas primárias, Scioli somou 38% dos votos, seguido por 30% da coligação Cambiemos e 21% da UNA.
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