Moradores de Tucumán voltam às ruas contra fraude e violência em eleições
Moradores da província argentina de Tucumán, no norte do país, voltaram a protestar nesta terça (25), pelo segundo dia consecutivo, contra casos de violência e denúncias de suposta fraude eleitoral nas eleições regionais do último domingo (23).
Os números preliminares indicam a vitória do candidato kirchnerista a governador Juan Luiz Manzur, mas a oposição não reconhece o resultado. Os votos —em papel— começariam a ser recontados nesta terça (25).
Autoridades eleitorais de Tucumán informaram que 40 urnas de votação foram incendiadas. Há relatos de ameaças a mesários e a militantes políticos da oposição, além de suposta adulteração na contagem de votos.
A ONG Poder Ciudadano, que representa a Transparência Internacional na Argentina, condenou os tumultos. "Os acontecimentos recentes em Tucumán são o último capítulo de uma série de fatos repudiáveis ocorridos durante o atual processo eleitoral", afirmou em nota.
Diego Araoz/"La Gaceta de Tucumán"/Efe | ||
Policiais a cavalo reprimem manifestação em San Miguel de Tucumán, na noite de segunda-feira |
A Justiça investiga outro caso de suposta violência política, ocorrido na província de Jujuy, onde um cabo eleitoral da União Cívica Radical foi assassinado com um tiro nas costas. Ainda não foi confirmado se o crime teria relação com a atividade política da vítima.
Segundo o diretor-executivo da Poder Ciudadano, Pablo Secchi, houve denúncias de compra de votos em Tucumán em troca de comida e, nas eleições primárias (em 9 de agosto), candidatos denunciaram problemas na contagem de votos.
"Não podemos permitir que, em nossa democracia, após tudo o que nos custou conquistá-la, que se incendeiem urnas de votação", afirmou ele à Folha. "Isso é de uma gravidade institucional tremenda".
Secchi observou que as eleições argentinas para presidente neste ano serão concorridas, o que reforça a necessidade de lisura no processo eleitoral.
"Estamos diante de um cenário eleitoral em que um voto pode definir o próximo presidente da Argentina e é grave que tenhamos um sistema que permita certos tipos de falhas", disse.
MANIFESTAÇÕES
Os moradores de Tucumán voltaram às ruas nesta terça (25), um dia após o protesto terminar em conflito com a polícia.
Os manifestantes subiram a escadaria da sede de governo da província de Tucumán, mas não houve conflito com a polícia.
Alguns manifestantes também se reuniram na praça de Maio, no centro da capital, Buenos Aires, para prestar solidariedade ao protesto de Tucumán.
As províncias de Córdoba e de Salta também tiveram protestos em apoio aos manifestantes de Tucumán.
Na noite desta segunda (24), a polícia reprimiu a manifestação com violência. Houve feridos com balas de borracha e há relatos de uso de gás lacrimogêneo.
A violência policial foi repudiada por políticos e por entidades da sociedade civil, que consideraram o ato um excesso contra os manifestantes.
O governador José Alperovich, que é aliado do governo, afirmou que não partiu dele a ordem para a repressão da polícia.
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