Brasil quer levar conflito entre Colômbia e Venezuela à Unasul
O Brasil continuará articulando movimentação na Unasul (bloco político sul-americano) para solucionar a crise fronteiriça entre Colômbia e Venezuela, segundo disseram fontes diplomáticas à Folha.
A Colômbia, porém, prioriza mediação da Organização dos Estados Americanos (OEA), onde tem apoio dos EUA e outros países contra recentes medidas hostis que a Venezuela impôs a cidadãos colombianos sob pretexto de combater o contrabando.
Em giro de três dias para conversar com os governos de Bogotá e Caracas, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, se deslocou até a Jamaica neste sábado (5) para falar com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que participava de cúpula de países caribenhos.
O ministro também esteve em Caracas com o vice-presidente Jorge Arreaza.
Pelo lado colombiano, porém, Vieira foi recebido em Bogotá, na sexta-feira, pela chanceler Maria Angela Holguín, e não pelo presidente Juan Manuel Santos.
Vieira viajou acompanhado do colega argentino, Hector Timerman. Especula-se que os dois ministros busquem maneiras de facilitar eventual encontro entre Maduro e Santos.
"Escutamos os dois lados e agora vamos continuar buscando formas de convivência tranquila. Estamos no meio de um processo", disse um membro da delegação dos dois países. Ele afirmou que o tema será discutido nos próximos dias entre chancelarias da Unasul.
Oficialmente, o Brasil nega privilegiar a União de Nações Sul-Americanas, bloco criado em 2008 por impulso de Brasília e Caracas. Mas o governo brasileiro se absteve de apoiar recente pedido da Colômbia para um encontro de emergência de chanceleres da OEA.
A posição do Brasil, na prática, favoreceu a Venezuela, que rejeita abertamente mediações da OEA. Caracas acusa a organização de se pautar pelos interesses de EUA e aliados.
"O Brasil entende que a Unasul é o mecanismo mais adequado para dar respaldo multilateral às gestões para resolver um problema bilateral", diz um consultor com trânsito entre os governos venezuelano e brasileiro.
A crise começou há três semanas, depois que três militares venezuelanos foram feridos a bala em circunstâncias confusas na fronteira com a Colômbia.
Maduro culpou contrabandistas e paramilitares colombianos. Em represália, ele fechou parte da fronteira, decretou estado de exceção na região e deportou mais de mil colombianos.
Outros 10 mil colombianos fugiram por se sentir pressionados, segundo organismos multilaterais.
A Colômbia diz que seus cidadãos sofreram abusos e denunciará a Venezuela na ONU por maus tratos. O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, visitou a fronteira pelo lado colombiano a convite do governo Santos neste fim de semana.
Já a Venezuela exige ser ressarcida por ter recebido e fornecido saúde e educação gratuitas a grande quantidade de colombianos que escaparam do conflito interno na Colômbia desde os anos 1990.
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