Brasil anunciará compromisso do clima domingo, mas evita números
A quatro dias de anunciar o compromisso que levará à Conferência do Clima de Paris, que começa em 30 de novembro, o governo brasileiro evita dizer se assumirá metas numéricas para a redução das emissões de gases estufa no país. EUA, União Europeia, China estão entre os países que já estipularam objetivos de cortes.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores, a presidente Dilma Rousseff vai apresentar um documento "ambicioso e inovador" sobre a redução de emissões no Brasil em discurso na cúpula das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável.
Mas, em declaração à imprensa nesta quarta (23), o diretor do departamento de meio ambiente do Itamaraty, Raphael Azeredo, preferiu não confirmar se o chamado INDC (Contribuição Nacionalmente Determinada Pretendida) trará uma meta numérica.
"A opinião deste ministério e do governo é de que é um documento que reflete a ambição [do Brasil], e espero que ele seja bem recebido", afirmou Azeredo.
Dilma e ministros viajam aos Estados Unidos para participar de agenda sobre desenvolvimento sustentável, com discurso previsto do papa Francisco, e da abertura do debate geral Assembleia-Geral da ONU. A presidente deve ir à recepção oferecida pelo primeiro-ministro da Suécia, além de cumprir agendas bilaterais com chefes de Estado.
"Ao celebrar os 70 anos [das Nações Unidas], se abre um espaço para reflexão indispensável sobre o funcionamento de seus órgãos e as possibilidades que existem para que ampliemos os espaços de participação", disse o embaixador Fernando Simas, subsecretário do Itamaraty responsável por temas das Nações Unidas.
Sobre a Assembleia-Geral diplomata destacou a necessidade de se abordar temas como a crise migratória atual - um dos assuntos que serão abordados na fala da presidente Dilma em abertura da assembleia. "Não ha dúvida que o tema das migrações e o aspecto muito dramático dos refugiados sírios têm uma tremenda atualidade. É normal que o Brasil aproveite para passar uma mensagem."
RESTRIÇÃO DE VETO
A convite da França, o Brasil participa ainda de agenda paralela à assembleia, sobre restrição do uso do veto pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas. Simas ponderou que o debate surge no momento em que crises humanitárias têm rápida evolução - e exigem respostas mais imediatas de organismos internacionais.
"Qual é a velocidade de atuação do Conselho de Segurança para responder a essas situações de emergência? E em que medida a eficácia se vê afetada pelo uso de poder de veto? É uma iniciativa nova [dos franceses], voltada para uma discussão sobre a responsabilidade dos membros do conselho", disse o embaixador.
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