Em depoimento na Câmara, Hillary resiste à pressão de republicanos
Deputados republicanos questionaram de forma agressiva nesta quinta (22) a credibilidade de Hillary Clinton, no longo depoimento da ex-secretária de Estado ao comitê que investiga os ataques ao consulado dos EUA em Benghazi (Líbia), em 2012.
Quatro funcionários americanos foram mortos no incidente, incluindo o embaixador Christopher Stevens.
Não houve nenhuma revelação de grande importância, mas o clima tenso antecipou o confronto previsto para as eleições do próximo ano, quando os republicanos tentarão voltar a ocupar a Casa Branca.
Favorita entre os pré-candidatos democratas, Hillary foi alvo de intenso interrogatório dos republicanos.
Entre outras acusações, eles a culparam de ter ignorado apelos para que a segurança do consulado fosse reforçada e de ter omitido que os ataques haviam sido uma ação terrorista, para não comprometer as chances de seu partido em um ano eleitoral.
Jonathan Ernst/Reuters | ||
Hillary Clinton durante pronunciamento sobre o atentado na Líbia em 2012 |
Foi um teste e tanto para Hillary, que passou 11 horas sob implacável interrogatório republicano e sob as lentes das câmaras. Para a maioria dos analistas, ela passou no teste com louvor.
"Pela primeira vez tivemos uma boa ideia de como seria Hillary como presidente, pela compostura e o conhecimento dos temas", elogiou Carl Bernstein, que ficou famoso como um dos jornalistas que revelaram o escândalo Watergate e é autor de uma biografia de Hillary.
Demonstrando calma e em alguns momentos certa ironia, Hillary resistiu à pressão dos deputados, que pareciam mais interessados em desestabilizar a pré-candidata.
Os ataques em Benghazi foram um acontecimento "trágico", afirmou Hillary em seu depoimento ao comitê.
"Eu assumi a responsabilidade, e parte disso, antes de deixar o cargo, foi lançar reformas para melhor proteger nosso pessoal e ajudar a reduzir a chance de uma nova tragédia", declarou ela.
'PERDI O SONO'
Grande parte das cobranças dos deputados republicanos foi sobre o uso feito por Hillary de um servidor privado para enviar e-mails de trabalho, revelado durante os trabalhos do comitê.
A controvérsia tornou-se um dos pontos fracos de Hillary na campanha e foi motivo de críticas até do presidente Barack Obama.
O republicano Jim Jordan, um dos deputados mais agressivos, insinuou que a ex-secretária havia ocultado do público que os ataques em Benghazi foram um ato terrorista para não prejudicar as chances do Partido Democrata num ano de eleição.
A secretária se defendeu alegando que levou tempo para que as circunstâncias dos ataques fossem esclarecidas. Em seguida, buscou afastar as acusações de insensibilidade e negligência. "Perdi mais sono do que todos vocês juntos", afirmou.
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