Unasul nega que Venezuela tenha vetado Nelson Jobim em eleições
A Unasul (União das Nações Sul-Americanas) negou nesta sexta-feira que o magistrado brasileiro Nelson Jobim tenha sido impedido pela Venezuela de chefiar a missão de observação na eleição parlamentar venezuelana em 6 de dezembro.
"O nome do respeitado jurista Nelson Jobim não foi vetado na Unasul [e] está sendo considerado com outros nomes da região para presidir a Missão Venezuela", disse o bloco político por meio de sua conta oficial no Twitter.
Jobim, porém, já descarta qualquer participação na missão, cujo objetivo é reforçar garantias de lisura em meio a temores de que o impopular governo venezuelano poderia recorrer a fraudes para perpetuar-se no Parlamento.
Eduardo Knapp/Folhapress | ||
O ex-ministro Nelson Jobim participa de colóquio na AASP (Associação de Advogados de São Paulo) |
"Estou fora. Não quero saber se é verdade que eles voltaram atrás ou não", disse à Folha, por telefone.
Fontes diplomáticas dizem que não houve veto formal, mas uma resistência manifestada nos bastidores por autoridades eleitorais venezuelanas.
O pronunciamento da Unasul surge três dias depois de o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) anunciar sua retirada da missão de observação.
O TSE justificou a decisão pelo suposto veto a Jobim e pela falta de garantias para uma "observação objetiva e imparcial", referência implícita a supostas exigências venezuelanas para que a missão fosse impedida de falar com a oposição e circular livremente.
Em nota, o TSE disse que Jobim, ex-ministro da Defesa e do STF, havia sido aprovado pela presidente Dilma Rousseff para a missão. A Folha apurou que todos os países do Mercosul haviam sinalizado respaldo ao brasileiro, com exceção da Venezuela.
Jobim atribuiu o veto à sua "independência" e disse que as autoridades de Caracas queriam uma missão observadora que fosse "mera espectadora".
O Planalto, aparentemente preocupado com o mal estar com a Venezuela, considerou precipitada a decisão do TSE de se retirar da missão.
As prerrogativas dos observadores estarão formalizadas num convênio entre a Unasul e a Venezuela que deveria ter sido assinado até a última quarta-feira. O incidente envolvendo a escolha de Jobim, porém, levou à continuação das negociações de bastidores sobre o alcance da missão.
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