Furacão Patricia vira tempestade tropical sobre o México
O furacão Patricia, que chegou na noite de sexta-feira (23) à costa oeste do México como o mais poderoso já registrado no Pacífico, continua perdendo força e já foi reclassificado como tempestade tropical.
Segundo relatório divulgado na manhã deste sábado (24), Patricia está a cerca de 55 km de Zacatecas e avança pelo território mexicano com ventos de até 80 km/h. O fenômeno deve continuar a perder força conforme se move a uma velocidade de 33 km/h.
O furacão tocou terra na região a cerca de 90 quilômetros a noroeste da cidade de Manzanillo, na noite desta sexta-feira (23), como evento na categoria 5, a mais alta da escala Saffir Simpson, com ventos de até 265 km/h. Em poucas horas, na madrugada de sábado, Patricia já havia sido reclassificada para categoria 1, a mais baixa.
O fenômeno trouxe chuvas e ventos de até 265 km/h a uma região costeira pouco povoada do México. As cidades maiores, como Puerto Vallarta e Manzanillo, não foram atingidas diretamente. Alagamentos e deslizamentos de terra foram registrados, mas não há notícia de danos de grande proporção como esperava-se na sexta-feira. Até o momento, não há registro de vítimas.
Moradores da região onde Patricia tocou o território mexicano disseram que o mar ficou agitado, com ondas chegando até os hotéis e areia sendo levada para longe. Os ventos fortes, disseram, derrubaram postes e árvores.
Com o rápido ganho de força de Patricia no oceano Pacífico, o México decretou alerta máximo. Cerca de 15 mil turistas foram retirados às pressas de Puerto Vallarta antes da chegada do furacão. Os turistas e milhares de moradores da região foram levados a abrigos improvisados.
Partes da cidade foram alagadas, mas os danos no local foram menos graves do que o esperado. Segundo agências de notícias, parte dos turistas voltou aos hotéis já na noite de sexta-feira. "Eu não acho que haverá grande problema com alagamentos", disse Dario Pomina, 43, gerente da Posadas de Roger, no centro da cidade. "As coisas estão mais ou menos OK."
A cidade amanheceu com clima de alívio diante dos danos relativamente pequenos. Era possível ver pessoas tirando selfies com o mar ao fundo e donos de lojas varrendo a calçada, como num dia comum.
O cenário, segundo a agência de notícias Associated Press, era de um dia após uma tempestade, com poças de água pelas ruas. "Graças a Deus, nada aconteceu por aqui", disse Maximiliano Macedo, de Puerto Vallarta. "Como todos os outros, nossa família se preparou", diz Macedo, que separou suprimentos e protegeu janelas.
O visitante Brandie Galle, do Estado americano de Oregon, disse que ficou abrigado no salão do Hard Rock Hotel, junto a outros turistas. Eles foram liberados para jantar no restaurante do hotel após duas horas.
Galle contou ainda que alguns hóspedes chegaram a pagar US$ 400 para taxistas dispostos a levá-los à cidade de Guadalajara, a 200 km, fora da rota de Patricia.
A família Sokol, da cidade americana de Detroit, deveria deixar Puerto Vallarta na sexta-feira, mas acabou em um abrigo em uma universidade, após ter o voo cancelado. De noite, contudo, já estavam de volta ao hotel.
"É impressionante como foi do pior da história para chuvas fortes", disse Susanna Sokol.
Já no resort de Barra de Navidad, perto do porto de Manzanillo, a situação estava pior. "Ele criou caos aqui, arruinou muitas coisas, derrubou telhados e muitas árvores. As coisas estão em mau estado onde nós trabalhamos", disse Domingo Hernandez, funcionário de um hotel local.
O canal de TV local Milenio exibiu imagens de carros e ônibus sendo varridos pelas enchentes no Estado de Jalisco.
Os aeroportos de Puerto Vallarta, Manzanillo e Tepic foram fechados na sexta-feira, mas funcionavam neste sábado para transportar quem estivesse em áreas afetadas pelo furacão.
Patricia se tornou uma tempestade tropical no Pacífico na quinta-feira (22) e ganhou força rapidamente ao se aproximar da costa. Meteorologistas compararam o evento ao tufão Haiyan, que matou mais de 6.300 pessoas nas Filipinas em novembro de 2013 com ventos de 315 km/h.
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