Primeira eleição livre de Mianmar em 25 anos tem dia tranquilo de votação
Nicolas Asfouri/AFP | ||
A principal líder da oposição em Mianmar, Aung San Suu Kyi, deixa sua casa para participar da votação |
Transcorreu de forma tranquila o dia de votação em Mianmar: sem registro de violência, na primeira eleição nacional livre no país do Sudeste Asiático em 25 anos. A expectativa é de que o partido de oposição, liderado por Aung San Suu Kyi, tenha a maioria dos cerca de 30 milhões de votos.
Milhões de pessoas participaram da histórica eleição deste domingo (8). A comissão responsável anunciou, antes de fechar os colégios eleitorais, que a participação "chegou a 80%". O anúncio dos resultados, no entanto, pode levar vários dias –por conta da dificuldade de contagem em regiões mais remotas.
"A população está muito emocionada [com as eleições nacionais" –as primeiras democráticas em 25 anos–, disse entusiasmado Myint Aung, um eleitor de 74 anos.
A atenção midiática se concentra em Suu Kyi, que passou mais de 15 anos em prisão domiciliar e, aos 70 anos, votou pela segunda vez em seu país.
Vestida de vermelho, a cor de seu partido (Liga Nacional para a Democracia, a LND), depositou a cédula na urna, bem cedo, em uma escola de Rangum, rodeada por centenas jornalistas do mundo todo.
Aclamada por seus simpatizantes aos gritos de "vitória", Aung San Suu Kyi saiu sem dar declarações à imprensa, rumo a Kawhmu, onde espera renovar o posto de deputada conquistado nas legislativas parciais de 2012, saldadas com uma esmagadora vitória da LND.
Longe da atenção midiática que rodeia Suu Kyi, o presidente Thein Sein votou em Naypyidaw, a capital administrativa. Seu partido, o USDP, formado por ex-generais, é o principal rival da LND.
A tensão, salpicada por entusiasmo e preocupação, se agrava quando a LND aparece como grande favorita das eleições –e poderia chegar a governar depois de décadas de repressão.
Durante as últimas eleições consideradas livres, em 1990, a comissão permitiu que a LND participasse e vencesse. Mas os resultados não foram reconhecidos e Aung San Suu Kyi, então em prisão domiciliar, não pôde votar. Em 2010, seu grupo incitou o boicote aos comícios.
A atual eleição está sendo considerada uma prova do êxito da transação democrática iniciada há quatro anos, com a dissolução da Junta Militar, que governou o país com mãos de ferro desde 1962.
A maioria dos 30 milhões de pessoas que foram às urnas, nunca votou.
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