Morre embaixador Sebastião do Rego Barros após cair de janela
O embaixador Sebastião do Rego Barros Netto, 75, morreu na manhã desta segunda-feira (9) ao cair do 11º andar do prédio onde morava em Copacabana, na zona sul do Rio.
Ele foi diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e embaixador do Brasil na União Soviética à época de sua extinção, em 1991.
Leo Pinheiro - 19.ago.2003/Valor/Folhapress | ||
O embaixador Sebastião do Rego Barros, quando era diretor da Agência Nacional de Petróleo |
De acordo com Carlos Médicis, enteado do embaixador, a família acredita que ocorreu um acidente. Segundo ele, Rego caiu ao tentar pegar um livro numa prateleira alta, por volta das 11h.
Um inquérito foi instaurado na 12ª DP (Copacabana) para apurar as circunstâncias da queda.
Segundo pessoas próximas ao diplomata, ele sofria de um problema neurológico que pode ter contribuído para a queda.
Conhecido pelos amigos como Bambino, ele chefiou a delegação do Brasil nas seções da comissão de energia da Conferência sobre Cooperação Econômica Internacional, em Paris, de 1975 a 1976.
"Ele deixou uma marca importante no Itamaraty, caracterizou-se pela defesa dos nossos interesses, brigava com firmeza por suas posições", disse Rubens Barbosa, que foi embaixador em Washington e em Londres e era amigo de Rego Barros há quarenta anos. Os dois iam jantar na sexta-feira no Rio de Janeiro. "Ele e o ex-chanceler Luiz Felipe Lampreia foram a grande dupla da política externa de Fernando Henrique."
Descendente de um ministro da Guerra do Império, seu homônimo, o embaixador também dirigiu o departamento econômico do Itamaraty, em 1986, e foi subchefe da delegação brasileira na Reunião Ministerial das Partes Contratantes do Gatt (atual Organização Mundial do Comércio, OMC), que lançou a Rodada Uruguai para liberalização do comércio.
De 1990 a 1994, ele foi o embaixador do Brasil na Rússia. Nos cinco anos seguintes, exerceu o cargo de secretário-geral das Relações Exteriores. Seu último posto na diplomacia foi como embaixador do Brasil na Argentina, entre 1999 e 2001.
Assumiu a direção-geral da ANP em 2002, onde ficou até 2005.
Atualmente, trabalhava como consultor e atuava no conselho de algumas empresas.
Carioca formado em Direito pela PUC-Rio, o embaixador era casado há 34 anos com Maria Cristina de Lamare Rêgo Barros, 70. Ele deixa a mulher, três filhos e cinco netos.
Na tarde de hoje, o Itamaraty divulgou uma nota de pesar sobre o falecimento, e elogiou os anos "exemplares" de atuação do embaixador.
"Os funcionários do Ministério, que sempre admiraram as qualidades pessoais e profissionais do Embaixador Rêgo Barros, unem-se no sentimento de dor e tristeza pela perda do ex-Chefe e colega", afirma trecho da nota. "O exemplo e a memória do Embaixador seguirão vivos, inspirando-os e guiando-os no cumprimento do seu dever", diz o texto.
Colaborou Patricia Campos Mello, de São Paulo
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