Secretário-geral da OEA critica Venezuela por restrições em eleição
O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, criticou nesta terça-feira (10) o governo da Venezuela por impedir a oposição de concorrer em igualdade de condições à eleição parlamentar de 6 de dezembro e por se opor ao envio de observadores internacionais com real poder de fiscalização.
As críticas foram formuladas em carta enviada por Almagro à presidente do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE), Tibisay Lucena, que críticas acusam de ser alinhada ao governo do presidente Nicolás Maduro.
"As condições em que o povo irá votar não estão, neste momento, garantidas em matéria de transparência e justiça eleitoral, [aspectos] que a senhora e o CNE deveriam garantir", diz Almagro, ex-chanceler do Uruguai.
Como exemplos de vantagem eleitoral indevida em favor do chavismo, Almagro menciona o uso dos recursos públicos na campanha, o veto a várias candidaturas opositoras, o desequilíbrio na visibilidade midiática e o formato confuso dos boletins de voto.
"Hoje, as dificuldades afetam apenas os partidos de oposição", diz a carta.
Almagro também mencionou o veto do governo venezuelano a uma missão de observação eleitoral da OEA, amplamente vista como único órgão multilateral com experiência e perícia no assunto.
"Lamento que a rejeição se baseie em posição política, e não em argumentos relacionados à Justiça e às garantias necessárias [ao] processo eleitoral", afirma, numa referência ao argumento de Caracas de que a OEA é alinhada aos EUA.
Almagro lembrou que a única missão de monitoramento autorizada pelo CNE será ligada à Unasul (bloco político que reúne 12 governos sul-americanos) e terá "acesso limitado ao processo."
Integrantes da Unasul tentaram reforçar a credibilidade da missão ao apontar o ex-ministro brasileiro Nelson Jobim como chefe dos observadores, mas ele foi vetado por Caracas após exigir imunidade diplomática, plena liberdade de circulação e acesso irrestrito a opositores.
Faltando menos de um mês para o voto, não está claro qual será o formato da missão eleitoral da Unasul. Críticos temem que os representantes do bloco terão papel simbólico.
Todas as pesquisas indicam favoritismo da oposição num momento em que a Venezuela atravessa profunda crise econômica, social e política.
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