Obama rejeita enviar tropas ao Oriente Médio para combater o terrorismo
Tolga Bozoglu/Efe | ||
O presidente Barack Obama fala durante coletiva de imprensa em Antalya |
Tudo para combater o terrorismo, menos envolver "tropas em grande número". É esse o resumo da entrevista coletiva que o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, concedeu nesta segunda-feira (16), horas depois de encerrada a cúpula do G20 em Antalya, no litoral turco.
O presidente defendeu as medidas militares, econômicas, diplomáticas, de inteligência e de apoio ao desenvolvimento que os EUA já estão adotando contra a milícia radical Estado Islâmico (EI). Com relação ao envio de tropas para combate em solo, argumentou:
"Não porque os nossos militares [que definiu como "os melhores do mundo"] não possam tomar Mossul, Raqqa ou Ramadi [ocupadas hoje pelo EI] e temporariamente limpá-las. Mas seria a repetição do que vimos antes [possível alusão à invasão do Iraque]: se você não tiver uma população local comprometida com governança inclusiva e que enfrente os extremos ideológicos, eles [os terroristas] ressurgirão, a menos que nós estejamos preparados para ter uma ocupação permanente desses países."
Obama irritou-se com seguidas perguntas girando em torno da necessidade de novas iniciativas, a ponto de dizer: "Se vocês têm ideias sobre o que acham que pode ser feito, que apresentem um plano específico".
Os repórteres não tinham, mas tampouco saiu algum plano novo da cúpula do G20: é verdade que ela produziu um documento específico sobre terrorismo, que prega intensificar a cooperação internacional nesse capítulo, mas não contem nenhuma nova iniciativa.
O texto insiste na necessidade de aumentar a cooperação e a solidariedade internacional a esse respeito e atribui papel central à ONU (Organização das Nações Unidas).
Em outras palavras, nada de iniciativas isoladas deste ou daquele país. Tudo sob o manto da ONU.
Os aspectos nos quais os líderes mundiais querem aperfeiçoar a cooperação são os previsíveis e que já estão em andamento: cooperação e intercâmbio de informações, congelamento dos bens dos terroristas, criminalizar o financiamento do terror e reforçar as sanções contra os regimes que se relacionam com o terrorismo.
Uma nova preocupação aparece no documento: o movimento de estrangeiros para lutar com organizações terroristas e que, depois, ainda mais radicalizados, voltam para seus países de origem.
Mas, para enfrentar esse novo desafio, não são propostas medidas adicionais e, sim, apenas reforçar o controle de fronteiras, exatamente para tentar detectar esse fluxo, e "fortalecer a segurança na aviação global".
O documento toma o cuidado de não apontar o dedo para os muçulmanos. Ao contrário, reafirma que "o terrorismo não pode e não deve ser associado com qualquer religião, nacionalidade, civilização ou grupo étnico".
A julgar pelo que disse em Antalya o presidente russo, Vladimir Putin, a cooperação contra o terrorismo desenhada pelo G20 está longe de ser perfeita.
"Durante a cúpula, forneci exemplos, com base em nossos dados [de inteligência], sobre o financiamento de diferentes unidades do EI por indivíduos de 40 países, alguns dos quais são membros do G20", disse Putin.
Não disse quais dados, mas é o suficiente para pôr em evidência a dificuldade em tornar realmente global a luta contra os terroristas.
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