França e Rússia se unem militarmente para atacar Estado Islâmico na Síria
Ria Novosti/Kremlin/Associated Press | ||
Presidente russo, Vladimir Putin, fala durante encontro na cidade de Sochi |
Os atentados que mataram 129 pessoas em Paris na última sexta-feira (13) e a recente queda de um avião russo no Egito, com 224 a bordo, uniram militarmente França e Rússia no combate à facção radical Estado Islâmico em território sírio.
O acordo foi selado nesta terça-feira (17) numa conversa telefônica entre os presidentes François Hollande e Vladimir Putin.
Putin determinou que um navio russo no Mediterrâneo ajude forças francesas ao mesmo tempo em que um porta aviões Charles de Gaulle seria deslocado à região para ação conjunta.
"Precisamos estabelecer uma ligação direta com os franceses e trabalhar juntos como aliados", ordenou o presidente da Rússia à sua equipe militar, de acordo com declaração divulgada por seu governo.
A Rússia diz que 34 mísseis de cruzeiro de suas forças atingiram nesta terça 14 posições militares do Estado Islâmico -outros 65 ataques aéreos teriam sido realizados, destruindo ao menos seis postos de comando.
Enquanto isso, a França voltou a bombardear a cidade de Raqqa, apontada como "capital" do Estado Islâmico em território sírio.
Só que essa ação francesa, assim como outras, foi coordenada pelos Estados Unidos, que lideram a coalizão das potências ocidentais.
E aí mora o impasse: o presidente Barack Obama resiste a uma aliança com os russos no combate ao EI.
Hollande vai a Washington no dia 24 se encontrar com o líder americano e, dois dias depois, a Moscou para reunir-se com Putin.
O francês tem a missão de buscar uma forma de unir lados historicamente opostos militar e politicamente, mas que agora lutam contra um inimigo comum.
BOMBA NO EGITO
Putin encontrou na tragédia aérea do Egito o argumento para justificar, segundo suas próprias palavras, uma "aliança" com os franceses.
Nesta terça, Moscou admitiu pela primeira vez que uma bomba derrubou o Airbus 321 da empresa russa Metrojet com 224 pessoas a bordo no dia 31 de outubro, na península do Sinai, apenas 23 minutos depois de decolar e sem deixar sobreviventes.
Um artefato explosivo de um quilo de TNT foi empregado para derrubar a aeronave, segundo a Rússia. "Podemos dizer que, definitivamente, foi um ato terrorista", declarou o chefe do serviço de segurança russo, Aleksandr Bortnikov.
No dia da queda, um grupo extremista que atua na península do Sinai, aliado do Estado Islâmico, reivindicou a derrubada, mas as autoridades reagiram com cautela naquele momento.
O atentado contra o avião seria uma reação ao movimento russo de atacar o EI na Síria, em parceria de Putin com as forças do ditador sírio, Bashar al-Assad.
Os governos britânico e americano já haviam levantado a hipótese de que uma bomba fora colocada na bagagem do avião.
O presidente russo, porém, vinha resistindo a admiti-la por saber que uma retaliação do EI, com mortes de civis russos, poderia enfraquecê-lo internamente.
Isso também era um problema no cenário externo porque a coalizão liderada pelos EUA, incluindo a França, reagia com ressalvas à intervenção russa na Síria.
Os atentados do dia 13 na capital francesa, no entanto, mudaram o enredo do conflito, aproximando Putin e Hollande e abrindo caminho para uma aliança militar que, até pouco tempo atrás, parecia improvável.
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