Turismo em Paris já sente efeito de atentados e teme pelo fim de ano
O patrulhamento ostensivo nos pontos turísticos de Paris mudou a cara da cidade. Depois dos atentados de sexta-feira, o clima de apreensão com revistas minuciosas nas lojas de departamento e nos museus e o ar grave dos policias nos transportes públicos já traz impactos negativos para o setor de turismo.
Representantes do setor ouvidos pela Folha dizem temer pelo desempenho da temporada de festas de fim de ano.
O site oficial de Turismo de Paris atualiza desde a sexta-feira passada uma lista das atrações que estão abertas na cidade.
Nesta quarta-feira (18), o Arco do Triunfo e as torres da catedral Notre-Dame permaneceram fechados.
Xu Jinquan - 16.nov.2015/Xinhua | ||
Policial ao lado de fila de turistas no pátio do museu do Louvre |
As visitas ao Stade de France estão suspensas até o dia 20 de novembro. Por causa da operação policial antiterrorista, a basílica de Saint-Denis, onde estão enterrados os reis da França, também foi fechada.
"Os turistas ficam meio assustados com tanto policial e tanto militar nas ruas, mas explico a eles que está mais seguro passear agora do que antes dos atentados", conta Ricardo Blanche, proprietário da agência Minha Paris, especializada no atendimento a turistas brasileiros.
"Nos passeios desta semana, por exemplo, tenho mostrado para os brasileiros que, apesar de todo esse aparato de segurança, os cafés e restaurantes continuam abertos. A vida continua em Paris".
Entre abril e outubro deste ano, 80 mil brasileiros usaram os serviços da agência. Por semana, são, em média, 1.500 pessoas.
"Registramos uma queda de 8% das reservas até agora. Para o final do ano, ainda não tivemos cancelamentos, mas, infelizmente, sabemos que isso vai ocorrer".
HOTÉIS
Segundo a consultoria MKG Hospitality, a taxa de ocupação dos hotéis parisienses caiu 23,1 pontos no domingo passado (15) ante a mesma data de 2014 na escala adotada pela consultoria.
"O objetivo da nossa metodologia de comparar o mesmo dia em anos diferentes é o de permitir a leitura do impacto específico dos atentados em relação a uma situação considerada 'normal'", explicou Adrien Lanotte, responsável do departamento de pesquisas e marketing da consultoria.
O indicador da consultoria representa 30 mil quartos de hotel em Paris. Ou seja, cerca de 40% da oferta da capital francesa.
Quanto à queda nos preços das diárias, Lanotte afirma que ainda "é cedo para ver uma queda sustentada. A situação ainda esta muito volátil. Por esse motivo, também fica difícil fazer projeções para o final do ano", ponderou.
Ele reconhece, porém, que o impacto dos atentados de 13 de novembro serão maiores que o efeito sentido pelo turismo no começo deste ano, que foram "de curto prazo".
Principal grupo hoteleiro da França, o Accor vê, agora, uma tendência de retração maior do que a registrada após os ataques de janeiro deste ano.
A rede não quis divulgar o total de reservas anuladas desde sexta-feira, mas informou que, a fim de manter os clientes para que não desistam de vir à França, decidiu estender por até seis meses a possibilidade de adiamento das reservas sem custo adicional.
O ParisInfo, organismo oficial do turismo em Paris, afirma em comunicado que "não é possível reunir neste momento todas as informações dos atores do setor de turismo para fazer previsões".
No entanto o comportamento recente do mercado permite ter uma noção do que está por vir.
No primeiro semestre de 2015, a cidade registrou 7,5 milhões de entradas nos hotéis da capital francesa, uma queda de 1,8% em relação ao mesmo período de 2014.
"Esse recuo deve-se essencialmente aos efeitos dos atentados de janeiro. No primeiro trimestre, a queda das entradas contra o ano anterior foi de 3,3%", revela relatório do órgão.
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