EUA enviarão mais forças especiais para combater Estado Islâmico
O Exército dos Estados Unidos está ampliando a presença de tropas especiais no Iraque e na Síria em apoio a combatentes locais que lutam contra o grupo terrorista Estado Islâmico.
Ashton Carter, secretário de Defesa americano, disse nesta terça (1º) que o contingente adicional ajudará no treinamento de forças iraquianas e curdas, coletará informações sobre o inimigo e também fará operações nos dois países, onde o EI ocupa partes dos territórios.
Ele não revelou o número de soldados adicionais, mas afirmou que será "maior que 50".
Chip Somodevilla/Getty Images/AFP | ||
O secretário de Defesa dos EUA, Ashton Carter, durante audiência com comissão da Câmara |
No mês passado, o presidente Barack Obama anunciou o envio de tropas especiais à Síria para treinar grupos rebeldes alinhados ao Ocidente e especificou que não chegariam a 50 homens.
É a primeira vez que forças terrestres americanas entram no país desde o início da revolta contra o regime sírio, em 2011, que mais tarde se transformou em guerra civil. No Iraque, há 3.500 soldados americanos.
Sobre o contingente adicional, que chamou de "força expedicionária especial", Carter disse que ele será enviado "em total coordenação com o governo iraquiano".
A ideia é capacitar os combatentes locais para enfrentar o EI e também realizar ações diretas contra o grupo terrorista.
"Esses operadores especiais, com o tempo, serão capazes de realizar ataques, libertar reféns, coletar inteligência e capturar líderes do EI", disse o secretário ao Comitê de Serviços Armados da Câmara dos Deputados.
Será uma ampliação da estratégia dos EUA já em curso, que combina ataques aéreos e forças especiais em terra, para operações e treinamento.
Em outubro, tropas americanas agindo com forças locais libertaram 70 pessoas que eram mantidas prisioneiras pelo EI no norte do Iraque. A operação deixou um soldado dos EUA morto, a primeira baixa americana no Iraque desde 2011.
TURQUIA
Em seu depoimento no Congresso, Carter também cobrou da Turquia que faça mais para fechar sua fronteira com a Síria, para impedir que membros do EI entrem e saiam do país com a facilidade atual.
Nos últimos dias, forças treinadas pelos EUA intensificaram operações para recuperar território sírio próximo da fronteira controlada pelo EI, mas oficiais americanos têm criticado a Turquia por não fazer sua parte.
Carter também pediu mais empenho da Arábia Saudita e dos países do golfo no combate à facção.
O anúncio do secretário de Defesa é mais um passo na escalada dos EUA contra o EI.
A oposição republicana tem feito pressão para que o governo amplie a ação militar contra o grupo terrorista, especialmente depois dos atentados em Paris.
Alguns deputados republicanos defendem uma operação terrestre em larga escala na Síria e no Iraque para eliminar o EI, algo que o presidente Obama descarta.
Pesquisa realizada após os atentados em Paris mostrou que os americanos estão divididos sobre um maior envolvimento dos EUA, com 47% favoráveis ao envio de mais forças terrestres e 46% contrários.
BOLSÕES
Em Paris para a conferência do clima, Obama disse esperar que haja avanço nas negociações diplomáticas para que sejam estabelecidos "bolsões de cessar-fogo" na Síria.
Embora veja progresso no combate ao EI, Obama ressaltou que não tem "ilusões" de que a Rússia se alinhará à coalizão liderada pelos EUA e passará a priorizar o combate à facção.
"Não espero que eles tenham uma mudança de 180 graus em sua estratégia nas próximas semanas."
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