Após vitória na Venezuela, oposição promete anistia a presos políticos
A oposição venezuelana prometeu fazer uso de sua maioria na Assembleia Nacional, conquistada nas eleições de domingo (6), para libertar os políticos antichavistas detidos no país.
O secretário-executivo da coalizão MUD (Mesa da Unidade Democrática), Jesús Torrealba, declarou nesta segunda-feira (7) que será prioridade da oposição a aprovação de uma lei de anistia em favor dos políticos perseguidos ou presos no país.
Miguel Gutierrez-24.nov.2015/Efe | ||
O secretário-executivo da MUD, Jesús Torrealba, dá entrevista em Caracas |
Ele prometeu devolver os direitos "dos que foram injustamente perseguidos, encarcerados, exilados ou excluídos da política".
A oposição tem uma lista de mais de 70 presos políticos no país. O mais conhecido deles é Leopoldo López, condenado a 14 anos de prisão sob a acusação de incitar protestos violentos que atingiram o país em 2014.
Torrealba também disse que os deputados da MUD, que assumem seus cargos em 5 de janeiro, devem abrir uma investigação sobre a prisão pelos EUA de dois sobrinhos da primeira-dama da Venezuela, Cilia Flores, acusados de tráfico de drogas.
O líder da MUD rebateu acusações do governo, reafirmando que a oposição não vai tentar desmontar os programas sociais implementados durante o governo do ex-presidente Hugo Chávez (1999-2013).
"Nós estivemos divididos por anos, e o país não ganhou nada com esse erro histórico", disse Torrealba, pedindo unidade após as eleições. "A MUD não está aqui para destratar ninguém."
RESULTADO ELEITORAL
Com 96% dos votos apurados, a MUD obteve ao menos 99 das 167 cadeiras do Parlamento unicameral. O chavita PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela) obteve 46 deputados.
A maioria simples já é suficiente para aprovar a anistia aos presos políticos, eleger o presidente da Assembleia, avaliar decretos de estado de exceção e convocar referendos.
O resultado deste domingo é amplamente visto como rejeição em massa a um governo que é responsabilizado pela degradação abrupta das condições de vida, acirrada com a degringolada dos preços petroleiros a partir de 2014. A Venezuela enfrenta recessão, desabastecimento generalizado e índices de violência dignos de país em guerra.
A oposição era dada como favorita, mas as últimas pesquisas indicavam fortalecimento da intenção de voto chavista. O processo eleitoral foi marcado por abusos e irregularidades.
A participação foi de 74,25%, um número que superou com folga as projeções.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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