Donald Trump se desqualificou para ser presidente, diz Casa Branca
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, disse nesta terça-feira (8) que o pré-candidato republicano Donald Trump se desqualificou para ser presidente ao defender que muçulmanos sejam impedidos de entrar nos EUA.
A crítica da administração do democrata Barack Obama é feita depois que o magnata disse em comunicado que o país deveria barrar os islâmicos até que o governo "possam entender o que está acontecendo".
Yuri Gripas/Reuters |
O porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, critica Donald Trump em entrevista coletiva nesta terça |
As declarações do empresário são uma reação do empresário ao ataque a tiros em San Bernardino, na Califórnia, na última quarta (4). A ação foi feita por um casal muçulmano que se declarou leal à facção Estado Islâmico.
Para Earnest, qualquer outro candidato republicano que não condene a sugestão de Trump, mesmo sob risco de perder o apoio da base, não deveria ser presidente. "Estamos falando dos valores fundamentais deste país", disse.
"Esta declaração é moralmente repreensível e pode ter consequências para nossa segurança nacional. A verdadeira questão para o Partido Republicano é saber se ele se deixará levar junto com Trump para a lata do lixo da História."
O representante da Casa Branca lembrou também que o primeiro que faz um presidente é jurar respeito e lealdade à Constituição —-dentre os princípios da lei máxima americana, está a liberdade de culto.
E ironizou a campanha do empresário à Presidência. "[Trump] faz há meses um número de charlatão de circo, com mentiras descaradas e frases de efeito vazias."
Esta é a segunda declaração de Josh Earnest sobre as declarações de Trump. Na noite de segunda (7), ele afirmou aos jornalistas que eles "estavam sendo generosos" ao definir a defesa do magnata como proposta.
"Acho que Trump está fazendo algo que ele fez durante toda sua campanha, que é brincar com o medo das pessoas para conseguir seu apoio. O que ele está fazendo é dividir a América de uma forma realmente cínica."
ISLÂMICOS
Apesar da revolta provocada pelas declarações de Trump, que levaram a reações de primeiros-ministros europeus e até da ONU, o magnata não se retratou em entrevista nesta terça-feira (8).
Para ele, os EUA estão "em guerra com o islã radical" e comparou a decisão de barrar os muçulmanos à detenção de japoneses, alemães e italianos aprovada por Franklin Roosevelt durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
"O que estou fazendo não é diferente do FDR", disse Trump à rede ABC. "Se você olhar o que ele fez, foi muito pior, e ele é um dos presidentes mais respeitados, batizaram estradas com o nome dele!".
Dentro do partido, as reações foram divididas. Concorrente de Trump, o ex-governador da Flórida Jeb Bush chamou o magnata de desequilibrado, e John Kasich considerou a proposta "parte do ultrajante divisionismo" que lhe caracteriza.
Outros pré-candidatos, no entanto, foram um pouco mais comedidos e até elogiaram Trump, como Ted Cruz. "Elogio Donald Trump por levantar e chamar a atenção da América sobre a necessidade de tornar nossas fronteiras seguras."
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