Número de mortos em confrontos no Burundi sobe para 90
Goran Tomasevic/Reuters | ||
Barricadas em protestos contra o presidente Pierre Nkurunziza, em Bujumbura, Burundi, em maio |
Ao menos 90 pessoas morreram em confrontos nesta sexta-feira (11) em Bujumbura, capital do Burundi, de acordo com informações do exército, no pior surto de violência no país desde a tentativa de golpe em maio.
Explosões e tiros ecoaram por Bujumbura e moradores disseram que as autoridades responsáveis passaram o dia coletando corpos crivados de balas das ruas.
Um porta-voz do Exército, Gaspard Baratuza, disse que homens armados atacaram três pontos militares em Bujumbura, com 79 agressores sendo mortos e outros 45 capturados. Quatro policiais e quatro soldados também morreram.
A agitação social no Burundi, que começou em abril quando o presidente Pierre Nkurunziza anunciou planos para um terceiro mandato, tem elevado a tensão numa região ainda volátil duas décadas depois do genocídio na vizinha Ruanda.
A guerra civil de 12 anos no Burundi, que terminou em 2005, colocou em lados opostos grupos rebeldes da maioria Hutu.
CORPOS NAS RUAS
Ao menos 40 corpos foram encontrados na manhã deste sábado pelas ruas de Bujumbura, capital do país.
Moradores acusam as forças de segurança locais de terem executado jovens, horas depois dos ataques a três acampamentos do Exército, na sexta-feira (11).
A maioria das vítimas, mortas por disparos —alguns à queima roupa— foi encontrada no bairro de Nyakabiga, no centro da cidade. Outros corpos estavam em Rohero II e Musaga.
A polícia nega as acusações. Segundo um porta-voz, não houve "mortes colaterais" nas incursões contra os insurgentes.
O porta-voz das Forças Armadas, coronel Gaspard Bratuza, divulgou pelo Twitter que um "balanço definitivo" sobre as operações contra os ataques de sexta-feira nas bases do Exército.
Burundi vive uma violenta crise política desde abril, quando o presidente Pierre Nkurunziza modificou a Constituição para concorrer a um terceiro mandato, uma manobra que o levou a ser reeleito em julho.
Centenas de pessoas morreram e mais de 300 mil fugiram do país, onde a ONU pediu uma intervenção "contundente" da União Africana para deter a preocupante escalada de violência.
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