Ameaça de bomba faz polícia fechar todas as escolas de Los Angeles
Duas semanas depois de um ataque a tiros que deixou 14 mortos em um centro social de San Bernardino (Califórnia), Los Angeles fechou quase mil escolas públicas nesta terça-feira (15) devido a ameaças de ataques consideradas plausíveis pelas autoridades policiais.
E-mails enviados a funcionários de diferentes colégios na noite de segunda-feira (14) ameaçavam usar explosivos e armas. As mensagens teriam partido de Frankfurt, na Alemanha, mas a origem pode ter sido fraudada, segundo investigadores.
Jonathan Alcorn - 13.mar.2015/Reuters | ||
Escola de ensino médio de Los Angeles; todas as unidades de ensino da cidade foram fechadas |
Em Nova York, escolas também receberam ameaças, aparentemente do mesmo remetente, mas as autoridades locais concluíram serem falsas. O FBI (polícia federal americana) foi acionado e colabora nas investigações.
Um relatório preliminar do Comitê de Inteligência da Câmara dos EUA diz que a ação foi um "trote ou algo feito para interromper o funcionamento das escolas em grandes centros".
Los Angeles tem a segunda maior rede de ensino dos Estados Unidos, com cerca de 700 mil alunos.
O alvo da ação supostamente seriam os estudantes em "não uma, duas ou três escolas, mas várias", disse Ramón Cortines, diretor de ensino local. Ele mencionou "mochilas e outros pacotes" em referência às ameaças.
CRÍTICAS
Com a rotina alterada, a população reclamou do transtorno, e muitos criticaram a decisão de fechar os colégios, como o chefe da polícia de Nova York, William Bratton.
"Essas ameaças são feitas para causar medo. Estamos seguros de que não é uma ameaça terrorista crível e ao mesmo tempo preocupados que as pessoas reajam com exageros", disse.
O chefe da polícia de Los Angeles, Charlie Beck, rebateu, sem citar o colega. "É fácil criticar a decisão quando não se tem responsabilidade sobre as consequências."
Diversas autoridades da Califórnia citaram o ataque em San Bernardino ao defenderem sua atuação.
No dia 2 de dezembro, um casal de atiradores que jurou lealdade ao Estado Islâmico matou 14 pessoas e feriu 22 em um centro comunitário.
O deputado democrata pela Califórnia Brad Sherman disse ter visto os e-mails com as ameaças, cujo autor se dizia um "muçulmano extremista" que teria vínculos com radicais locais.
"Não sabemos se suas alegações são verdadeiras ou falsas nem se o autor é, de fato, um muçulmano devoto que apoia extremistas ou ainda se ele é um não-muçulmano com outra agenda", afirmou Sherman.
Questionado sobre eventuais exageros na reação na Califórnia, o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, preferiu evitar polêmica e disse que tem confiança nas decisões tomadas por autoridades locais.
"Elas sabem melhor que qualquer outra pessoa como proceder", afirmou.
Na terça à noite, as autoridades de educação de Los Angeles confirmaram que as escolas fechadas devido à ameaça funcionarão normalmente nesta quarta (16).
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