Site do líder supremo do Irã compara Arábia Saudita a Estado Islâmico
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No cartaz, com a frase inicial "Alguma diferença", os iranianos chamam os sauditas de "EI branco" |
O site do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, comparou a Arábia Saudita à milícia radical Estado Islâmico após a execução do clérigo xiita Nimr al-Nimr, aliado da República Islâmica, no último sábado (2).
Na página, foi colocada uma imagem cujo título é: "Alguma diferença?". Nela, aparecem meio a meio um homem com túnica preta, usada pelos extremistas da Síria e do Iraque, e outro com uma túnica branca, comum entre os sauditas. Ambos estão com armas brancas na mão —punhal, no caso do militante do EI, e espada para o saudita.
No lado do Estado Islâmico, aparece um prisioneiro de laranja com a mensagem: "Condenado à morte por se opor ao Estado Islâmico". Já na parte saudita, a inscrição é: "Condenado à morte por se opor aos aliados do Estado Islâmico".
A imagem é mais um capítulo do conflito entre o xiita Irã e a sunita Arábia Saudita. Desde que o Estado Islâmico se impôs no Iraque, em junho de 2014, os iranianos acusam os sauditas de financiarem a milícia radical.
Os sauditas negam a acusação, mas algumas ações colocam em dúvida a real intenção do país de ver os extremistas derrotados. A Arábia Saudita foi um dos primeiros países a deixar a coalizão contra a milícia liderada pelos EUA.
A monarquia do golfo Pérsico também é criticada por não reprimir os financiadores dos extremistas islâmicos, o que provoca reclamações dos aliados americanos e europeus.
A inação dos sauditas em relação ao Estado Islâmico é vista por alguns analistas como uma forma de enfraquecer a Síria e o Iraque, governados por dois aliados de Teerã —o ditador Bashar al-Assad e o premiê Haider al-Abadi.
Irã e Arábia Saudita ainda disputam indiretamente o domínio do Iêmen. Enquanto os iranianos reforçam os milicianos houthis, os sauditas fizeram uma ação militar para que o presidente Abdo Rabbo Mansour Hadi retome o poder.
EXECUÇÃO
Opositor à monarquia sunita Al Saud, que rege a Arábia Saudita, Nimr al-Nimr foi punido com a pena capital após ser acusado de insubordinação e ameaça à união nacional. Com ele, foram executados outros três religiosos xiitas.
Os quatro xiitas foram condenados por envolvimento nos protestos contra o regime saudita entre 2011 e 2013. Na ocasião, mais de 20 manifestantes xiitas foram baleados e mortos pelas forças de segurança.
As famílias dos executados negaram diversas vezes o envolvimento deles em ataques aos soldados. Grupos de direitos humanos consideraram acusaram o regime de tortura e de negar o acesso dos condenados a advogados de defesa.
Junto com eles, foram executados 43 radicais sunitas, a maioria deles membros da Al Qaeda. A maior execução em massa desde 1980 foi considerada pelas autoridades parte do combate ao terrorismo.
A morte do clérigo xiita levou a protestos violentos no Irã e em outras áreas de maioria muçulmana. Manifestantes incendiaram a embaixada saudita em Teerã e o consulado na cidade de Mashhad.
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