ANÁLISE
EUA serão decisivos no confronto Arábia-Irã, que já era previsível
O posicionamento da crepuscular administração de Barack Obama nos EUA, que entra seu último ano, será decisivo para determinar o risco de escalada do conflito entre Arábia Saudita e Irã –confronto esse que se desenhava previsível e inserido em um quadro complexo de disputas que envolvem o Ocidente e a Rússia.
Riad é o centro do sunismo, ramo majoritário do islã e inspirador ideológico da Al Qaeda e do Estado Islâmico, em oposição ao xiismo liderado por Teerã, antes principal nome ligado ao extremismo.
A Primavera Árabe viu xiitas protestando contra o governo sunita no Bahrein, monarquia aliada de Riad. E assistiu ao apoio saudita a grupos contrários ao ditador Bashar al-Assad na Síria, numa guerra civil que em 2015 teve a entrada da Rússia como parceira ativa do regime.
Por fim, os sauditas mantêm uma campanha militar contra milícias pró-Irã no vizinho Iêmen.
O Irã, por sua vez, apoiou xiitas e nacionalistas na região. Testemunhou o Iraque ser livre de seu inimigo Saddam Hussein pelas mãos americanas, só para que governos xiitas se aproximassem mais de Teerã.
Mais: fecharam um acordo limitando seu programa nuclear com os EUA, com promessas comerciais e mais pressão sobre os sauditas.
Restou a Riad sua maior moeda: o controle das torneiras da maior reservas mundial de petróleo.
Com isso, derrubou no ano passado o valor do barril a menos de US$ 40, danificando a economia russa e iraniana –mas também a americana, que investiu na exploração do gás de xisto, e por tabela o pré-sal brasileiro: ambas são extrações que demandam valores mais altos da commodity.
Tudo indicava um confronto mais aberto entre Riad e Teerã pela influência no Oriente Médio. A desculpa está dada, e serão os EUA a definir para que lado a balança pesa: para a renovada aliança entre os aiatolás e Teerã, ou para o reino do deserto da Arábia e seu poderio econômico.
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