Kuait segue Arábia Saudita e convoca embaixador no Irã
O Kuait chamou de volta seu embaixador no Irã nesta terça-feira (5), disse a agência de notícias estatal Kuna, seguindo o movimento da Arábia Saudita e aliados regionais em se afastar diplomaticamente de Teerã devido ao ataque contra a embaixada saudita por manifestantes iranianos.
Segundo a chancelaria do Kuait, os ataques realizados contra instalações sauditas em Teerã, no sábado (2), "constituem uma flagrante infração de convenções internacionais e a violação dos compromissos internacionais do Irã com relação à segurança e à proteção de missões diplomáticas em seu território".
Não está claro como a decisão do governo do Kuait afetará suas relações diplomáticas com o regime iraniano.
Os protestos contra as missões sauditas foram uma reação à execução do clérigo xiita Nimr al-Nimr pela Arábia Saudita, no sábado (2).
O regime iraniano fez duras críticas à execução desse religioso. Nesta terça-feira, o presidente Hasan Rowhani voltou a criticar a Arábia Saudita.
"O governo saudita tomou ações estranhas e cortou suas relações diplomáticas com a República Islâmica do Irã para encobrir seus crimes", afirmou Rowhani em comunicado.
O regime iraniano também minimizou a decisão de aliados da Arábia Saudita em tensionar suas relações com Teerã e os chamou de vassalos.
"A ruptura de relações da Arábia Saudita e seus vassalos não tem nenhum efeito no desenvolvimento do Irã", afirmou o porta-voz Mohamad Bagher Nobajt.
O premiê turco, Ahmet Davutoglu, disse nesta terça que seu país "está pronto para ajudar como puder" a resolver a crise diplomática entre sauditas e iranianos.
Na segunda-feira (4), Bahrein, Sudão e Emirados Árabes Unidos afastaram-se diplomaticamente do Irã, seguindo o movimento da Arábia Saudita de cortar relações com o país persa. Depois de Bahrein e Sudão romperem com o Irã, os Emirados Árabes Unidos rebaixaram o grau das relações diplomáticas com o Irã para apenas assuntos comerciais.
Também na segunda, o Conselho de Segurança da ONU condenou nos "mais duros termos" o ataque contra a embaixada saudita no Irã, e pediu aos dois países para dar passos a fim de reduzir suas tensões.
RELAÇÃO CONFLITUOSA
As relações entre Arábia saudita, de maioria sunita, e Irã, de população majoritariamente xiita, têm um histórico problemático. Sunismo e xiismo são duas seitas distintas do islã.
As disputas entre ambas as potências estão inseridas em um contexto mais amplo, com desavenças políticas e ansiedades vindas de ambos os lados por maior influência no Oriente Médio.
A Arábia Saudita apoia, por exemplo, apoia rebeldes na disputa contra o ditador sírio Bashar al-Assad, mas o Irã é um aliado do regime sírio.
No Iêmen, por sua vez, o Irã apoia os insurgentes xiiitas houthi, e a Arábia Saudita lidera uma campanha militar em apoio ao governo.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis