Ataque reivindicado pelo EI deixa dois mortos na capital da Indonésia
Um atentado com tiros e explosões contra uma área comercial no centro de Jacarta, capital da Indonésia, terminou com ao menos dois civis e cinco atiradores mortos, além de 20 feridos, informaram as autoridades.
A ação foi reivindicada pela milícia terrorista Estado Islâmico, em mensagem que circulou em fóruns radicais islâmicos. Inicialmente, a polícia havia cogitado a possibilidade de que os extremistas estivessem por trás do ataque.
Por volta das 10h30 locais (1h30 de Brasília) desta quinta-feira (14), um número indeterminado de agressores detonou explosivos e abriu fogo perto de uma cabine da polícia e de um café da rede Starbucks, a poucos metros de um escritório da ONU. Perto dali, encontram-se o palácio presidencial e a embaixada dos EUA.
Após cinco horas de tensão e troca de tiros, a polícia declarou "ter tomado controle" da região. Não está claro se alguns dos agressores conseguiram fugir do local.
O ataque tinha como alvo turistas que passavam pelo bairro. Os mortos são um canadense e um indonésio. Dentre os 20 feridos, há um argelino, um austríaco, um alemão e um holandês.
"Escutei uma forte explosão, como um terremoto, e todos seguimos para a rua", disse Ruli Koestaman, 32, que estava perto do local. "Todos se reuniram e um terrorista chegou e começou a atirar na nossa direção e contra o Starbucks."
O porta-voz da polícia, general Anton Charliyan, disse que os responsáveis pelo ataque em Jacarta "imitaram as ações terroristas em Paris, que deixaram 130 mortos em novembro, organizadas pelo Estado Islâmico.
O governo local coloca como mentor do ataque o indonésio Bahrun Naim, que, segundo a polícia, é membro de uma rede terrorista na ilha de Java. Desde o ano passado, ele está em Raqqa, bastião do Estado Islâmico na Síria.
Em nota divulgada em fóruns radicais islâmicos e encontrada pelo site de monitoramento SITE, a milícia radical ameaçou os "cruzados", como se referem aos europeus e aos americanos, dizendo que "não terão segurança na casa dos muçulmanos".
"Um grupo de soldados do califado na Indonésia atacaram um grupo de pessoas da aliança cruzada que luta contra o Estado Islâmico em Jacarta colocando diversos explosivos que foram detonados quando quatro dos soldados atacaram com armas leves e cintos de bombas."
O presidente da Indonésia, Joko Widodo, chamou os ataques de "atos terroristas", e pediu que a população não se deixe vencer pelo medo. "Esse ato tem o claro objetivo de perturbar a ordem pública e aterrorizar as pessoas", declarou, na TV.
A chancelaria da Holanda disse que um cidadão do país ficou gravemente ferido no ataque e passava por cirurgia. A rede Starbucks anunciou o fechamento "até nova ordem" de todos os cafés em Jacarta.
A Casa Branca condenou o ataque "nos mais fortes termos". O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Ned Price, prometeu apoio à Indonésia para que se punam "os responsáveis por esse bárbaro ataque terrorista".
O Ministério das Relações Exteriores brasileiro lamentou o ataque e manifestou seu repúdio contra a ação. O Itamaraty pediu aos brasileiros em Jacarta que evitem lugares movimentados e reduzam seu deslocamento nas ruas.
ALERTA
A Indonésia está em alerta máximo desde que receberam alertas de possíveis atentados. De acordo com a polícia, o EI fez ameaças em novembro, dizendo que "haveria um concerto" na Indonésia, referindo-se a um atentado.
Em dezembro, a polícia prendeu cinco pessoas suspeitas de integrar uma rede próxima ao EI e outras quatro vinculadas ao grupo extremista Jemaah Islamiyah, responsável por vários atentados na Indonésia.
Na ocasião, as forças de segurança apreenderam material para a fabricação de explosivos e uma bandeira inspirada no EI.
A Indonésia tem a maior população muçulmana do mundo, 88% de seus 250 milhões de habitantes, e já foi alvo de vários ataques de extremistas islâmicos. O maior deles foi em 2002, na ilha turística de Bali, quando 202 pessoas morreram, em sua maioria turistas australianos.
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