Nevasca mergulha Nova York em silêncio, relata repórter
Thais Bilenky/Folhapress | ||
Nevasca nos EUA silencia Nova York |
O que mais surpreendeu, com a chegada da nevasca em Nova York, neste sábado (23), foi o silêncio.
As sirenes, buzinas, músicas e pessoas que formam o ruído constante da cidade, a qualquer hora do dia ou da noite, viraram o botão do volume para a esquerda —atendendo às muitas preces já declamadas.
Algumas crianças brincam de esquimó, cachorros latem e pela primeira vez na vida sinto que moro no interior. E estou na região central de Nova York, a mais populosa e visitada cidade dos Estados Unidos.
Durante a manhã, vi motoristas furando o sinal em ruas quase vazias, carros sendo guinchados, taxistas exigindo gorjetas ainda mais gordas, ônibus sem passageiros.
Lojas em regiões turísticas estavam, quase todas, fechadas. Diversos restaurantes resistiam abertos, porém vazios.
Em uma esquina do trecho mais rico da avenida Madison, um salão de cabeleireiro estava apinhado. Não tive oportunidade de apurar que tipo de produto e providência se toma em nevadas para a proteção de penteados.
No início da manhã, antes de os bravos turistas rumarem para áreas como a Times Square, zeladores e seguranças lutavam contra a natureza para deixar as calçadas transitáveis.
A parte mais difícil de se enfrentar uma nevasca em Nova York é o vento. A neve pinica o rosto e, a depender da velocidade da tempestade, desestabiliza o pedestre.
O serviço meteorológico aponta ventos a 50 km/h.
Em algumas esquinas, o gelo chegou à altura do (meu) joelho, ou seja, o acúmulo já chega a cerca de 50 centímetros. Deve piorar. A prefeitura previa até 60 centímetros.
Em estado de emergência e com viagens suspensas, a cidade teve serviços de ônibus e metrô (que costuma operar 24 horas) suspensos à tarde. O Uber suspendeu serviços. Isso é notícia.
"Os nova-iorquinos devem ir para casa agora", alertou o prefeito Bill de Blasio. "Fiquem em casa, fiquem aquecidos e permitam que nossa equipe de emergência faça o seu trabalho", orientou o governador Andrew Cuomo.
A conferir, em algumas horas, se os notívagos incansáveis se sensibilizarão.
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