Governo sírio e oposição aceitam cessar-fogo a partir de sábado
O governo sírio e o Alto Comitê de Negociação, que representa grupos de oposição no país, aceitaram o cessar-fogo proposto pelos Estados Unidos e pela Rússia. O anúncio veio depois de Washington e Moscou marcarem uma nova tentativa de trégua para o sábado (27).
Em comunicado divulgado nesta terça-feira (23), o governo sírio disse aceitar "uma interrupção das operações de combate com base na continuidade dos esforços militares para combater o terrorismo contra o Estado Islâmico (EI), a Frente al-Nusra, e as outras organizações terroristas ligadas a eles e à organização Al Qaeda, de acordo com o anúncio russo-americano".
Em pronunciamento perante a Comissão de Relações Exteriores do Senado nesta terça, o secretário de Estado americano, John Kerry, disse não ser possível afirmar se o acordo de cessar-fogo abrirá caminho para a uma solução política no país assolado pela guerra.
"Eu não vou garantir isso. Não vou dizer que esse acordo certamente funcionará porque não tenho certeza".
O secretário, porém, apontou que o cessar-fogo é a melhor maneira de tentar encerrar o conflito. Segundo ele, essa seria a única alternativa disponível para os EUA e seus aliados se o objetivo for alcançar um acordo político.
Kerry acrescentou que se o ditador sírio, Bashar al-Assad, renunciasse o conflito terminaria rapidamente. "Quatro palavras poderiam acabar com essa guerra: 'eu não concorrerei mais'", disse Kerry, referindo-se a eventuais eleições no país.
Louai Beshara - 22.fev.2016/AFP | ||
Voluntários sírios celebram, com imagens de Assad, fim de treinamento paramilitar no norte de Damasco |
O regime de Assad disse que trabalhará com a Rússia para decidir quais grupos e áreas devem ser incluídos no plano de "cessação das hostilidades".
Na nota, o governo sírio destacou a importância de se fechar as fronteiras e do fim de apoio estrangeiro a grupos armados, além de "impedir que essas organizações fortaleçam suas capacidades ou mudem suas posições, de forma a evitar algo que possa levar a destruir esse acordo".
O comunicado acrescenta que a Síria se reserva ao direito de "responder a qualquer violação por parte desses grupos contra cidadãos sírios ou contra suas Forças Armadas".
O Alto Comitê de Negociação (HNC, na sigla em inglês), por sua vez, disse que a aceitação da trégua está "condicionada" ao fim do cerco do governo a 18 áreas rebeldes e dos bombardeios aéreos e de artilharia e à libertação de presos.
A tentativa de cessar-fogo entre o regime e os insurgentes foi anunciada no domingo (21) por Kerry e recebida com ceticismo por moradores da capital síria.
Uma outra trégua havia sido marcada para a última sexta-feira (19), segundo acordo estabelecido no início do mês pelos Estados Unidos, Rússia e outros 15 países.
ELEIÇÃO
Na segunda (22), horas depois do acordo fechado entre americanos e russos, Assad anunciou eleições parlamentares para o dia 13 de abril.
Eleições desse tipo ocorrem a cada quatro anos no país. A última foi em 2012, e esses mandatos terminam no próximo mês de maio.
O desenho de uma nova Constituição para o país e a realização de eleições livres foram incluídos em uma resolução adotada pelo Conselho de Segurança da ONU, em dezembro, que endossava uma transição política na Síria na qual a população decidiria o futuro do país.
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