"Mundo" estreia dois colunistas às segundas
O jornalista Jaime Spitzcovsky, 50, e o cientista político Hussein Kalout, 39, são os novos colunistas caderno "Mundo".
Os dois escreverão alternadamente às segundas-feiras e dizem que planejam dedicar especial atenção ao Oriente Médio, tratando do tema com "equilíbrio" e "sem reducionismo".
Spitzcovsky, editor de "Internacional" da Folha (atual caderno "Mundo") de 1988 a 1990 e de 1997 a 2000, estreia nesta segunda (29).
Formado pela ECA-USP, foi correspondente da Folha em Moscou (1990-94) e em Pequim (1994-97).
Para Spitzcovsky, o principal fenômeno socioeconômico a modelar o século 21 "é o surgimento de classes médias nos chamados países emergentes, o que dá a nações como China, Rússia, Índia e Brasil um peso no cenário internacional bem maior do que tiveram recentemente".
Olga Lysloff/Folhapress | ||
Novo colunista da Folha, jornalista Jaime Spitzcovsky escreverá quinzenalmente às segundas-feiras |
Ele diz que pretende priorizar em suas abordagens as regiões do planeta com as quais mais trabalhou –China e Rússia. Mas, além desses dois países, afirma que o Oriente Médio sempre ocupou lugar de destaque em seu trabalho.
O jornalista fez cerca de 30 périplos pela região, em Israel, territórios palestinos, Líbano, Iraque, Egito, Líbia, Tunísia e Jordânia.
Ele acrescenta que, em relação à região, buscará "trazer percepções que contribuam para tirar o debate das armadilhas do maniqueísmo e do reducionismo, muitas vezes presentes nas polêmicas sobre um dos conflitos mais amplamente esquadrinhados pela mídia internacional".
Para Spitzcovsky, a solução para as disputas entre israelenses e palestinos é urgente e passa pelo "reconhecimento da necessidade de dois povos viverem em segurança e poderem viabilizar seus projetos de soberania nacional, lado a lado".
KALOUT
Cientista político formado pela Universidade de Brasília e atualmente pesquisador na Universidade Harvard, Hussein Kalout foi consultor da ONU.
Ele acredita que questão palestina seja essencial para a estabilidade do Oriente Médio e para a paz regional. Kalout afirma que o assunto será abordado de forma criteriosa e objetiva em suas colunas.
Lucio Bernardo Jr./Câmara dos Deputados/Divulgação | ||
O cientista político Hussein Kalout alternará coluna às segundas-feiras com Spitzcovsky |
"Equilíbrio e temperança são ingredientes fundamentais para levar ao leitor reflexões de fundo e de qualidade", afirma.
Ele diz que acredita, "incondicionalmente", na solução de dois Estados e na paz como meta alcançável. "Basta vontade política e liderança".
"No passado, foi possível comprovar que a paz é viável. Por isso, acredito nos desígnios dos homens de bem", afirma.
O cientista político diz que o espaço ao tema terrorismo na mídia brasileira é concedido de forma seletiva, "assim como a comoção, a indiferença e a mobilização das mídias sociais" em relação ao assunto.
Para Kalout, temas estruturais da geopolítica mundial são normalmente abordados "sob o escopo de 'opinismo'. E a cobertura é limitada a um único prisma: o ocidental. Falta, por vezes, refinamento político e amplitude analítica".
Ele diz que o país vive um limbo no campo da produção intelectual acerca da geopolítica do Brasil nas relações internacionais. "Há uma insuficiência de pensadores e de formuladores nos diversos setores do Estado e da sociedade."
De acordo com Kalout, "a diplomacia brasileira não corresponde de uma forma qualificada aos anseios e aos desafios da sociedade brasileira. É necessário inovação. Ativismo diplomático não é política externa", afirma.
O colunista Clóvis Rossi continuará a escrever suas colunas no caderno "Mundo" às quintas e aos domingos.
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