Caso mantenha desempenho em prévias, Trump será candidato
Se o resto dos EUA votar como os 11 Estados da Superterça, a maior rodada de prévias partidárias da eleição americana, Donald Trump terá a maioria dos delegados partidários a seu favor para selar sua candidatura –para desgosto da elite republicana.
E isso pode ocorrer mesmo que ele perca onde tem rivais locais: Ohio e Flórida, os dois maiores Estados entre aqueles em que o vencedor da prévia leva todos os delegados.
Neste final de semana (5 e 6), os americanos participam de prévias em Kansas, Louisiana, Nebraska e Kentucky.
No sistema americano, os eleitores votam em prévias, e cada Estado envia à convenção do partido representantes (delegados) que votarão conforme indicam as urnas.
Trump pode abrir vantagem porque as regras ajudam quem vence, mesmo com minoria dos votos. Isso é especialmente verdade a partir do dia 15, quando começam as disputas em que o vencedor leva todo o lote de delegados.
Mas os resultados por ora indicam também que Trump ainda pode ser derrotado, o que seria mais possível se o senador Ted Cruz e o governador John Kasich desistissem e sobrasse como rival só o senador Marco Rubio.
META: 1.237
Se os Estados restantes votarem como se espera com base em sua demografia e nos resultados das prévias até agora, Trump derrotará Rubio por 37% a 25% nas rodadas restantes. Cruz ficaria em terceiro pelo resto da temporada, com 22% dos votos.
(O cáculo pondera a fatia de votos projetada para o candidato em cada distrito eleitoral levando em conta resultados da eleição de 2012.)
A vantagem de 12 pontos de Trump sobre Rubio pode se traduzir na grande maioria dos delegados ainda em disputa. Ele teria assim dois terços dos delegados restantes —1.100 delegados adicionais, além dos mais de 300 que já tem, o que basta para superar a meta de 1.237 delegados que o faria candidato.
Vale enfatizar que essas estimativas não são previsões. Elas presumem que os Estados restantes votem como aqueles que já votaram, e isso pode mudar. Talvez Rubio perca força após o desempenho na Superterça. Talvez um esforço do partido para deter Trump tenha o efeito oposto.
Ainda assim, se as coisas continuarem como estão, não haverá disputa na convenção.
Trump iria bem nos Estados em que o vencedor leva todos os delegados, bem como naqueles em que os delegados são distribuídos em blocos –parte selecionados segundo o vencedor estadual e parte em proporção aos votos ganhos nos distritos.
Muitos desses Estados, como Nova York e Nova Jersey, são simpáticos aos candidatos institucionais. Mas os resultados até agora sugerem que Trump teria vantagem significativa neles, como teve em Massachusetts.
Trump perdeu em cinco Estados dos 15 que já votaram e está em desvantagem em sete dos que faltam. Nos outros 28 aparece à frente, em alguns com larga margem.
Se outro candidato empatar com ele nos Estados que votam tarde, Trump pode falhar em obter a maioria dos delegados. Isso é possível, pois o empresário não está nem perto do ritmo para ter a maioria da votação popular.
Prever se ele perderá a candidatura se chegar à convenção com muitos delegados, mas sem maioria é outra história. Algo assim, porém, é o melhor que candidatos convencionais podem esperar.
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