Rede de TV britânica diz ter arquivo com dados de 22 mil membros do EI
A rede de televisão britânica SkyNews revelou em seu site, na noite desta quarta-feira (9), que recebeu de um ex-integrante da facção terrorista Estado Islâmico (EI) um arquivo digital contendo formulários de inscrição da milícia com dados pessoais de mais de 22 mil possíveis militantes.
Tipo sanguíneo, telefone, nomes de familiares, nível de conhecimento sobre a sharia (lei islâmica) e opção por ser combatente ou potencial suicida em um atentado são algum dos itens que os interessados em integrar o EI tinham de responder, de acordo com os documentos apresentados pela emissora.
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Imagem reproduzida pela SkyNews de suposta ficha de militante |
Os registros mostram que os candidatos vinham de pelo menos 51 países —a maioria de nações árabes, mas também muitos franceses, alemães e britânicos.
Segundo a SkyNews, as informações estavam em um dispositivo USB, roubado do chefe da polícia interna da organização por um indivíduo identificado pelo pseudônimo de Abu Hamed, um suposto ex-combatente do Exército Livre da Síria —que se opõe ao regime do ditador Bashar al-Assad— que teria aderido ao EI.
Abu Hamed teria entregado o arquivo a um jornalista na Turquia, explicando que havia abandonado o EI por considerar que "os valores islâmicos haviam entrado em colapso" no grupo.
No início da semana, o jornal "Süddeutsche Zeitung", de Munique, e as TVs públicas NDR e WDR, também da Alemanha, disseram ter em mãos dezenas de fichas de supostos membros alemães do EI, com um questionário de 23 perguntas semelhante ao apresentado pela SkyNews.
Em um deles, fica claro o interesse do EI por militantes qualificados. Ao lado da ficha de um estudante de química de Munique há a anotação: "Importante. Tem conhecimentos químicos". Segundo investigações dos EUA, a facção já teria usado gás mostarda em ataques no Iraque e na Síria.
"Partimos do princípio de que se trata muito provavelmente de documentos autênticos. Assim, vamos avaliá-los em nossos processos judiciais", informou um porta-voz da BKA, a polícia criminal da Alemanha, sobre os documentos divulgados pelos veículos locais. Ele não se pronunciou, entretanto, sobre o arquivo da SkyNews com os nomes de 22 mil militantes.
A procuradoria-geral da Alemanha informou que os arquivos podem ajudar a confirmar ou não a ligação de cidadãos alemães com o EI em pelo menos 260 processos.
Analistas de inteligência ouvidos pelo jornal britânico "Guardian" afirmam, porém, que parte das informações presentes nos documentos está desatualizada e muitos dos nomes que aparecem na lista são de combatentes conhecidos pelos serviços secretos ou que já morreram.
Um exemplo de extremista no radar das autoridades britânicas e que consta nos arquivos é Abdel-Majed Abdel Bary, ex-rapper do oeste de Londres que após seu alistamento no EI publicou em sua conta em uma rede social uma foto sua segurando a cabeça de uma pessoa decapitada.
Outro identificado na lista é Junaid Hussain, um hacker de Birmingham, morto em um ataque de drone em agosto de 2015.
Alguns especialistas consultados pelo "Guardian" até duvidam da autenticidade dos documentos, pois encontraram nomes repetidos e termos não comumente usados pelo EI em seus registros, como "data de morte" do militante em vez de "martírio".
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