Vizinhos dos suspeitos dos ataques em Bruxelas se dizem surpresos
AFP | ||
Três suspeitos das explosões que mataram 11 pessoas no aeroporto de Zaventem |
Uma então tranquila esquina no bairro de Schaerbeek, ao norte de Bruxelas, amanheceu nesta quinta-feira (24) com carros de polícia e dezenas de curiosos e jornalistas à frente do prédio de número 4 da rua Max Roos.
Dali partiram de um táxi para o aeroporto de Zaventem, na terça-feira (24), os três homens apontados como responsáveis pelo atentado no terminal, que deixou 11 mortos —outros 20 morreram na estação de metrô de Maelbeek.
Uma família em especial se assustou com a descoberta de que ali viviam terroristas: a do colombiano Jhon Jairo Valderrama, 50. Ele, a mulher, Gladys, e as filhas Laura, 18, e Tatiana, 14, moram no apartamento ao lado do usado pelos extremistas, no quinto andar.
Vindos de Medellín há pouco mais de um mês, eles praticamente não viram os vizinhos nesse período.
Arquivo pessoal | ||
Colombiano Jhon Jairo Valderrama e as filhas Laura (esq.) e Tatiana em foto de arquivo pessoal |
"Eu nunca os tinha visto, meu pai viu um deles [Ibrahim el-Bakraoui] na escada um dia. Não havia barulho, movimentação, nada. Foi um susto enorme quando a polícia veio aqui ao lado [na noite de terça], arrombando a porta", contou Tatiana à Folha, por telefone.
Juliano Machado/Folhapress | ||
Fachada do prédio onde viviam os irmãos el-Bakraoui, em Bruxelas |
No apartamento, a polícia encontrou 15 quilos do explosivo TATP, mesmo tipo usado nos ataques de Paris, e outros materiais para a confecção de bombas: 150 litros de acetona, 30 litros de água oxigenada, um detonador e uma mala cheia de pregos e parafusos.
Tatiana disse que o imóvel vizinho está trancado e lacrado desde a operação policial.
O prédio onde os Valderramas moram é simples, mas numa área em que não havia suspeita da atividade de extremistas.
O vendedor de uma banca de frutas do outro lado da avenida Princesa Elisabeth, a cerca de 50 metros do prédio, disse que já tinha visto os irmãos Ibrahim e Khalid el-Bakraoui, mas nunca desconfiou deles.
"Aqui não se ouvia falar desses radicais, achava que isso fosse mais em Molenbeek [bairro próximo onde há também uma expressiva população muçulmana]", disse o comerciante, que preferiu não se identificar.
Os sinais da presença islâmica estão em anúncios em árabe em alguns mercadinhos e pelas mesquitas —uma delas, a Ahle Allah, fica a uma quadra do prédio dos irmãos el-Bakraoui.
A pessoa que atendeu a campainha não quis comentar sobre eles nem respondeu se os dois frequentavam o local.
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