Paquistão faz caçada a facção terrorista após ataque que matou 70
O governo do Paquistão lançou nesta segunda-feira (28) uma ofensiva contra milícias radicais islâmicas, em resposta ao atentado que deixou ao menos 70 mortos em um parque de diversões de Lahore no domingo (27).
O ataque foi reivindicado pela facção Jamaat-ul-Ahrar, vinculada ao Taleban paquistanês, e tinha como principal alvo os cristãos que comemoravam a Páscoa. A maioria dos mortos e dos 300 feridos era de mulheres e crianças.
O primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, disse ter empenhado o Exército, a polícia e forças especiais militares em uma caçada em busca dos responsáveis e prometeu destruir a milícia. "Nós não vamos permitir que eles brinquem com as vidas dos paquistaneses. Esta é a nossa determinação".
Segundo o porta-voz militar, Asim Bajwa, o Exército e as forças especiais prenderam um número não informado de suspeitos e apreenderam armas e munição em operações nas últimas horas.
O atentado é uma nova demonstração de força do Taleban e uma falha na estratégia do governo para combater a milícia, considerada dúbia.
Depois do atentado que matou 154 crianças em uma escola militar de Peshawar, em dezembro de 2014, as autoridades paquistanesas prometeram uma grande ofensiva para combater o Taleban.
O principal resultado foi a execução de quatro milicianos de outra facção da milícia, a Tehrik-i-Taleban. A pressão sobre os territórios insurgentes também levou à redução da área dominada pelos radicais islâmicos.
Por outro lado, o governo permitiu que grupos extremistas muçulmanos proibidos voltassem à ativa. Nos últimos meses, alguns passaram a exigir que o Paquistão passe a aplicar a lei islâmica.
Eles protestam principalmente contra o reconhecimento de feriados de outras religiões, como a Páscoa e a festa hindu Holi, e a lei de violência contra a mulher.
CRISTÃOS
Embora o porta-voz da Jamaat-ul-Ahrar, Ahsanullah Ahrar, tenha dito que o principal alvo eram os cristãos, 44 dos 70 mortos eram islâmicos. Ele disse que a ação foi um aviso a Sharif de que a milícia chegou a Lahore.
O atentado também deixou evidente a falta de proteção à minoria cristã, que representa 2% da população e foi alvo de ações anteriores de radicais islâmicos. O papa Francisco pediu que se recuperem a segurança e a serenidade no Paquistão, especialmente para as minorias.
Atacada pelo Taleban em 2012, a ganhadora do Nobel da Paz Malala Yousafzai disse ter ficado "abatida por essa matança sem sentido".
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