Centro de jornalismo americano dará bolsa a repórteres cubanos
Jornalistas cubanos independentes participarão de um programa de treinamento com colegas americanos em Miami, aproveitando a normalização das relações entre os dois países.
Entidades privadas dos EUA fizeram uma parceria com a famosa blogueira cubana de oposição Yoani Sánchez para bancar uma "rede de aprendizado", que amplie as possibilidades de fazer jornalismo independente no país. Em Cuba, a imprensa é controlada pelo Estado.
Carlos Barria - 22.mar.2016/Reuters | ||
A blogueira Yoani Sánchez deixa a reunião com o presidente dos EUA, Barack Obama, em Havana |
Cinco jornalistas do jornal 14ymedio, fundado por Sánchez, vão passar um ano em redações de Miami, recebendo treinamento multimídia e produzindo reportagens em colaboração com os americanos sobre a evolução da retomada das relações bilaterais.
Eles também participarão do Simpósio de Jornalismo Online, fundado pelo professor brasileiro Rosental Calmon Alves, da Universidade do Texas.
Há anos os EUA mantêm uma posição de apoio aos jornalistas independentes de Cuba, lembra Rosental, com reuniões e videoconferências na representação americana em Havana.
Além de estimular o jornalismo fora do controle estatal, Washington esteve por trás de iniciativas mais diretas de disseminação de informação, como a Rádio Martí, que transmitia a partir de Miami para os ouvintes cubanos. Com a reaproximação, essa cooperação poderá sair das sombras.
"Os Estados Unidos tem uma diplomacia pública que atraiu milhares de pessoas desde a Guerra Fria, que visitam o país para conhecê-lo melhor", diz Alves.
"Mesmo no auge da Guerra Fria não era um programa de proselitismo aberto, as pessoas escolhiam o que fazer. Agora Cuba entra nisso."
A ideia é que, ao voltarem a Cuba, os jornalistas compartilhem seu conhecimento para ampliar a produção de jornalismo digital no país.
MUDANÇA HISTÓRICA
"A mudança histórica nas relações dos EUA com Cuba oferece uma oportunidade única para criar um valioso intercâmbio entre jornalistas", disse Shazna Nessa, diretora da Knight Foundation, entidade que está bancando o projeto, com US$ 110 mil.
O objetivo, acrescentou é fortalecer as "habilidades de reportar os fatos com novas ferramentas digitais".
Na semana passada o presidente Barack Obama tornou-se o primeiro presidente dos EUA a visitar Cuba em 88 anos, coroando a reaproximação entre os dois países, iniciada por ele em dezembro de 2014. Na viagem, ele se encontrou com dissidentes, incluindo Yoani.
Obama incentivou o ditador cubano, Raúl Castro, a ampliar o acesso à internet no país e a retirar os limites à liberdade de expressão.
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