Parentes de líderes chineses atuaram em offshores, dizem "Panama Papers"
Três dos principais dirigentes do Partido Comunista chinês, incluindo o presidente do país, Xi Jinping, têm familiares que atuaram em empresas offshores, informou o consórcio de jornalistas que divulga os "Panama Papers".
Segundo a BBC, Deng Jiagui, cunhado de Xi, foi diretor e acionista de duas empresas offshores nas Ilhas Virgens Britânicas.
Não há informação sobre a atuação das empresas, que estavam inativas quando Xi subiu ao posto de secretário-geral do partido, em 2012, informou a agência britânica.
Negócios de offshores envolvendo uma nora de Liu Yunshan, membro do Politburo do partido e chefe da propaganda do país, e um genro de Zhang Gaoli, outro integrante do Politburo do partido e vice-primeiro-ministro, também foram identificados pelo consórcio de jornalistas do "Panama Papers".
Essas informações foram vazadas do escritório de advocacia panamento Mossack Fonseca para o jornal alemão "Süddeutsche Zeitung", que compartilhou 11,5 milhões de documentos com o ICIJ (Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos) e mais de cem veículos de comunicação no mundo.
Nesta quarta-feira (6), o ICIJ divulgou informações mais detalhadas sobre negócios com offshores de pessoas próximas aos líderes chineses.
Além dos familiares de Xi, Liu e Zhang, parentes de pelo menos outras cinco ex-lideranças do partido aparecem em negócios com offshores, incluindo um parente afastado de Mao Zedong, segundo o consórcio.
A atuação em offshores não é ilegal em todos os casos, mas pode ser usada para esconder patrimônio e evitar impostos, por exemplo, explica o consórcio.
A gestão Xi Jinping vem promovendo uma agressiva campanha anticorrupção no país, acusada, por vezes, de mirar nos desafetos do presidente.
O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês, Hong Lei, afirmou, nesta terça (5), que não iria comentar "acusações sem fundamento".
CENSURA
A divulgação dos negócios com offshores de pessoas próximas aos líderes comunistas gerou uma onda de censura na China desde domingo (3).
Reportagens e postagens sobre o assunto foram apagadas ou bloqueadas de sites e das redes sociais chinesas.
O site norte-americano China Digital Times, que monitora a imprensa chinesa, transcreveu um comunicado oficial em que o governo chinês dá instruções sobre censura às notícias e menções ao caso.
"Encontrar e deletar republicações e reportagens sobre o 'Panama Papers'. Não dar continuação a conteúdo relacionado. Se material da imprensa estrangeira atacando a China for encontrado em qualquer site, ele será tratado com severidade", diz um dos comunicados. Um outro pede que uma reportagem sobre o tema seja retirada de um site de jornalismo.
Livraria da Folha
- Box de DVD reúne dupla de clássicos de Andrei Tarkóvski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenciário
- Livro analisa comunicações políticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Um mundo de muros
Em uma série de reportagens, a Folha vai a quatro continentes mostrar o que está por trás das barreiras que bloqueiam aqueles que consideram indesejáveis