Oposição entrega documentos para referendo contra Nicolás Maduro
A Mesa de Unidade Democrática (MUD), coalizão opositora da Venezuela, entregou nesta terça-feira (12) mais documentos exigidos pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) para o referendo de revogação do mandato do presidente Nicolás Maduro.
Aliado ao governo, o órgão eleitoral rejeitou na quinta (7) o pedido de consulta sob a justificativa de que faltavam documentos. A oposição nega e acusa o conselho de fazer uma manobra protelatória para impedir o referendo.
Juan Barreto/AFP | ||
Guardas nacionais da Venezuela fazem guarda na porta do Conselho Nacional Eleitoral nesta terça |
Em resposta, o CNE exigiu que a MUD apresentasse em dois dias úteis as assinaturas de 1% do eleitorado, ou 195 mil pessoas, para dar início ao processo de coleta de assinaturas para confirmar a consulta contra Maduro.
O secretário-geral da coalizão opositora, Jesús Torrealba, disse ter conseguido mais de 200 mil assinaturas ao entregar os documentos. Ele voltou a acusar o órgão e o governo de quererem impedir o referendo revogatório.
"Agora, em vez de evocar a democracia participativa e protagonista, evocam formalismos, tecnicismos para evitar, distrair e interromper a participação do povo", disse.
Ao chegarem ao CNE, ele e outros membros da oposição foram recebidos por chavistas que tentavam impedir a entrega dos documentos. Um assessor da Assembleia Nacional disse ter sido agredido pelos manifestantes.
A comissão terá uma semana para avaliar os novos documentos. Se aceitos, dá-se início ao processo oficial de coleta de assinaturas.
Para que a consulta seja convocada, são necessárias as assinaturas de 20% do eleitorado venezuelano, ou cerca de 3,9 milhões. A oposição diz ser capaz de conseguir 4 milhões de pessoas.
PROTESTOS
Nesta terça, o presidente Nicolás Maduro deu início à comissão da verdade sobre os protestos violentos contra o governo, que deixaram 43 mortos no início de 2014.
Embora o mandatário tenha dito na segunda (11) que a oposição teria quatro membros no grupo, a MUD negou que vá enviar representantes.
"Não participaremos de uma reunião à qual nos convocaram pela televisão e não temos a menor ideia do que se trata", disse o deputado opositor Julio Borges.
Borges pediu uma reunião com Ernesto Samper, secretário-geral da Unasul, que é mediadora da comissão instalada pelo governo. Um dos objetivos é discutir sobre a anistia a opositores presos.
O projeto do Legislativo para retirar as acusações contra os dirigentes foi rejeitado pelo Tribunal Supremo de Justiça, que costuma decidir favoravelmente ao chavismo.
A derrubada do projeto, na segunda, foi criticada pelo Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos. Para a porta-voz do órgão, Ravina Shamdasani, a anistia "poderia ter sido a base de um caminho para o diálogo e a reconciliação".
Em resposta às declarações do órgão, a chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, disse que ele "cometeu o pior erro no exercício de suas funções" ao dar apoio à medida, que chamou de "lei de amnésia criminal na Venezuela".
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