Acordo entre UE e EUA pode reduzir segurança alimentar, diz Greenpeace
Um tratado comercial sendo negociado entre a União Europeia e os Estados Unidos pode reduzir a segurança alimentar e os padrões ambientais, alertou o Greenpeace nesta segunda-feira (2), citando documentos confidenciais das negociações.
Segundo a entidade, o material indica que os EUA queriam substituir um princípio de precaução usado pela Europa, que evita que produtos potencialmente perigosos cheguem ao mercado quando seu efeito é desconhecido ou questionado, por uma abordagem menos exigente.
Na Europa, existe uma oposição generalizada à permissão de importação de mais produtos agrícolas norte-americanos devido à preocupação com os alimentos geneticamente modificados.
A Comissão Europeia, porém, disse que os documentos divulgados refletem apenas posições nas negociações, e não resultados definitivos. Um importante negociador da UE minimizou alguns dos argumentos do grupo ambientalista, dizendo que estão "redondamente enganados".
O Greenpeace se opõe à chamada Parceria Transatlântica de Comércio de Investimentos (TTIP, na sigla em inglês), acordo de comércio e investimento entre o bloco europeu e os Estados Unidos. A entidade argumenta que o acordo concederia poder demais às grandes corporações às custas dos consumidores e dos governos nacionais.
Já os defensores da negociação afirmam que a TTIP irá produzir ganhos de mais de US$ 100 bilhões dos dois lados do oceano Atlântico.
O Greenpeace na Holanda publicou, na segunda (2), 248 páginas de "textos consolidados", cerca de metade do acordo, no site TTIP-leaks.org. Os documentos são do início de abril, portanto antes da mais recente rodada de reuniões, que aconteceu na semana passada, em Nova York.
"Fizemos isso para incitar um debate", disse o especialista em comércio do Greenpeace Juergen Knirsch, em uma coletiva de imprensa em Berlim, acrescentando que os documentos mostram que as negociações deveriam ser suspensas.
"A melhor coisa que a Comissão da UE pode fazer é dizer 'desculpem, cometemos um erro'."
Os papéis mostram o quão enraizadas se tornaram as diferenças entre os dois lados do Atlântico, afirma o Greenpeace, embora Washington e Bruxelas tenham dito, na semana passada, que ainda podem chegar a um acordo antes de o presidente dos EUA, Barack Obama, deixar o cargo em janeiro de 2017.
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