Mulher de opositor preso espera que governo Temer pressione Venezuela
A mulher do opositor venezuelano Leopoldo López, Lilian Tintori, disse nesta terça-feira (17) esperar que o governo do presidente interino, Michel Temer, ajude a pressionar o presidente Nicolás Maduro a liberar os políticos presos como seu marido.
Tintori, cujo marido foi condenado a 13 anos e nove meses por incitar a violência em protestos contra Maduro, falou na audiência pública sobre Venezuela na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo.
Danilo Verpa/Folhapress | ||
A mulher de Leopoldo López, Lilian Tintori, fala em audiência na Assembleia Legislativa de São Paulo |
Na audiência, a opositora criticou a presidente afastada, Dilma Rousseff, por não ter se pronunciado sobre a violação de direitos humanos no país vizinho. "Escrevi oito cartas para a presidente e não respondeu nenhuma delas".
Ela vê de forma positiva a mudança de posicionamento do Itamaraty e considerou um primeiro passo a crítica do novo chanceler, José Serra, ao governo de Maduro, que chamou de golpe o impeachment de Dilma.
"Tomara que o chanceler se posicione rotundamente e claramente sobre os direitos humanos na Venezuela. O país está esperando o apoio de um país irmão como o Brasil, porque o que acontece lá pode ocorrer aqui".
A mulher de López teme que o estado de exceção decretado por Maduro aumente a repressão política, embora tenha confiança de que o referendo para revogar o mandato do chavista vá sair ainda neste ano.
"Isso não soluciona nada. Eles estão desesperados porque a mudança vai acontecer. O referendo é um clamor nacional e uma forma constitucional e pacífica para que tenhamos a mudança na Venezuela e nós conseguiremos".
O presidente da comissão, Carlos Bezerra Jr. (PSDB), disse que pediu a Serra para receber Tintori e a comissão legislativa paulista. Ele também pediu ao plenário uma moção de apoio à libertação dos opositores venezuelanos presos.
Além de Tintori, foram convidados o líder estudantil venezuelano, Yon Goiecochea, a diretora da ONG Human Rights Watch para as Américas, Maria Laura Canineu, e os deputados Roberto Trípoli (PV) e Hélio Nishimoto (PSDB).
POLARIZAÇÃO
Embora o assunto da audiência fosse Venezuela, a polarização política brasileira interferiu no debate. Após a fala dos convidados, líderes da juventude do PSDB e do movimento pró-impeachment Ação Popular criticaram Dilma.
Os militantes acusaram a presidente afastada de apoiar as violações de direitos humanos feitas por Maduro, o regime cubano e outros governos de esquerda. Um deles criticou a líder da UNE, Carina Vitral, por admirar o chavismo.
Em seguida, o deputado João Paulo Rillo (PT) deu seu apoio à questão dos opositores presos venezuelanos, mas criticou os manifestantes contrários a Dilma por sua defesa ao impeachment, ao qual chamou de golpe.
Ele também criticou a comissão por não debater temas como a violência policial em São Paulo. O petista foi vaiado e interrompido pelos manifestantes, motivo pelo qual Bezerra Jr. teve que pedir silêncio diversas vezes.
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