Integrante de conselho eleitoral espera referendo ainda em 2016 na Venezuela
Um dirigente do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela disse nesta terça (24) que o referendo com o qual a oposição pretende destituir o presidente Nicolás Maduro poderia ser organizado até o fim deste ano.
Maduro foi eleito em 2013 para um mandato de seis anos, mas críticos defendem que a única maneira de reverter a grave crise econômica e social no país é mudar o governo e convocar eleições.
Isso só aconteceria se o referendo revogatório ocorresse (e o "sim" vencesse) ainda em 2016. Se a consulta ficar para 2017, o vice-presidente, Aristóbulo Istúriz, completaria o mandato de Maduro.
Carlos Garcia Rawlins/Reuters | ||
Jovem opositor em Caracas defende referendo pela revogação do mandato de Nicolás Maduro |
"Parece perfeitamente possível realizar esse processo eleitoral no fim de outubro", disse Luis Emilio Rondón, um dos cinco reitores do CNE, a um canal de TV local. "Não há nenhum aspecto técnico nem jurídico que me faça pensar que o referendo não possa ser feito neste ano."
Mas Rondón, tido como único membro do CNE próximo da oposição, não tem poder de decisão. A palavra final cabe à presidente do órgão eleitoral, a chavista Tibisay Lucena. Os três membros restantes do CNE também são considerados chavistas.
Uma deles, Sandra Oblitas, reafirmou também nesta terça que ainda não há prazo para a segunda etapa para ativação do referendo -a coleta de 20% das assinaturas dos eleitores registrados.
O CNE analisa assinaturas colhidas na primeira fase, na qual partidários do referendo devem apresentar, por escrito, o respaldo de 1% dos eleitores registrados, ou 198 mil. A oposição entregou 1,8 milhão de assinaturas.
O CNE disse que encerrará a auditoria em 2 de junho, ignorando o prazo de dez dias estipulado na lei. Só depois que o órgão validar as assinaturas a oposição poderá coleta os outros 20%.
Para prevalecer, o "sim" precisaria ser aprovado por mais eleitores que os 7,5 milhões de votos obtidos por Maduro em 2013.
A oposição acusa o órgão eleitoral de atrasar deliberadamente o processo e nega acusações do governo de que usou assinaturas falsas.
Nesta terça, a maioria opositora que controla o Parlamento aprovou texto que exige do CNE um cronograma.
Políticos opositores convocaram para esta quarta (25) nova rodada de manifestações contra o CNE e o Judiciário, que emitiu na semana passada autorização para a polícia reprimir protestos não autorizados e "violentos".
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