Presidente argentino declara patrimônio 108% maior em 2015
O valor do patrimônio que o presidente da Argentina, Mauricio Macri, declarou em 2015 é 108% maior que o de 2014.
Em sua primeira declaração jurada como chefe de Estado ao Departamento Anticorrupção, Macri afirmou possuir 110,3 milhões de pesos (R$ 28 milhões) em bens em 31 de dezembro de 2015.
Um ano antes, eram 53 milhões de pesos, segundo revelou o jornal "El Cronista" nesta quinta (26).
Eitan Abramovich - 25.mai.2016/AFP | ||
Presidente argentino, Mauricio Macri, acena perto de sua mulher, Juliana Awada, ao sair de catedral |
De acordo com as informações apresentadas pelo mandatário, a diferença ocorreu porque as declarações foram feitas em sistemas diferentes.
Em 2014, Macri atribuiu a ações de três sociedades anônimas o valor de um centavo de peso —seria o preço de quando comprou os papéis. Em dezembro, porém, informou que as ações valiam 47,1 milhões de pesos (R$ 12 milhões).
O contador Javier Gorosito, do escritório de advocacia Lisicki, Litvin & Asociados, afirma que ambos os modos são legais, já que, na Argentina, não se paga impostos sobre ações.
"Uma pessoa é obrigada a declarar que possui o papel, mas pode dar a informação com o valor histórico ou com o valor atual", explicou à Folha.
Outra diferença entre os documentos de 2014 e 2015 está no destino do dinheiro de Macri no exterior: 18 milhões de pesos (R$ 4,6 milhões) de contas nos EUA e na Suíça passaram para as Bahamas —mesmo paraíso fiscal em que está registrada uma das empresas offshores das quais o presidente aparece como diretor.
Em abril, Macri foi citado pela investigação internacional "Panama Papers", sobre documentos vazados de um escritório panamenho de advocacia que intermediou a abertura de offshores para estrangeiros.
O mandatário apareceu como diretor de duas companhias sediadas em paraísos fiscais.
À época, o dirigente afirmou que as empresas não apareciam em suas declarações por ele não ter parte nas sociedades nem nunca haver recebido salários delas.
Segundo a Casa Rosada, Macri foi designado "ocasionalmente" diretor das offshores por elas serem de propriedade de sua família.
Os advogados do mandatário pediram à Justiça uma "declaração de certeza" —documento que juízes podem emitir após checarem a veracidade de informações. O caso está sendo investigado.
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