Exército sírio entra na província de Raqqa, base do Estado Islâmico
Com apoio da Rússia, o Exército sírio entrou neste sábado na província de Raqqa, no norte da Síria, pela primeira vez em dois anos.
Raqqa é um bastião do grupo jihadista Estado Islâmico, que realiza três ofensivas simultâneas na Síria: duas em Raqqa e outra na província vizinha de Aleppo, onde forças curdas avançam rumo à cidade de Minbej, dominada pelo EI.
O grupo tem perdido terreno no Iraque, onde as tropas do país avançam na região de Fallujah.
As ações de combate mostram a determinação dos russos e dos EUA, que se aliaram a diferentes partes do conflito na Síria, na luta contra o EI, que domina áreas na Síria e no Iraque e realiza ataques terroristas em vários lugares do mundo.
Rodi Said - 27.mai.2016/Reuters | ||
Soldados das Forças Democráticas Sírias preparam morteiros no norte da província de Raqqa, na Síria |
Em Raqqa, as tropas sírias "estão apoiadas por bombardeios aéreos russos e por milícias treinadas em Moscou", disse Rami Abdel Rahman, diretor da OSDH (Observatório Sírio de Direitos Humanos).
"Os militares entraram em Raqqa pela primeira vez desde agosto de 2014, quando foram expulsos pelos jihadistas", afirmou Rahman.
COORDENAÇÃO RÚSSIA-EUA?
O principal objetivo do Exército é reconquistar a localidade de Tabqa, no rio Eufrates, perto de onde fica uma prisão controlada pelo EI e um aeroporto militar.
O exército e seus aliados entraram na província de Raqqa a partir do sudoeste. Neste sábado estavam a menos de 40 km de Tabqa, capturada pelo EI em 2014.
Ao menos 26 jihadistas e nove combatentes pró-regime morreram desde o início da ofensiva na quinta-feira (2).
Há 10 dias, as Forças Democráticas Sírias (FDS), uma coalizão árabe-curda apoiada pelos Estados Unidos, iniciaram uma ofensiva na província de Raqa e também avançam para Tabqa, mas a partir do norte.
"Parece que existe uma coordenação não declarada entre Washington e Moscou", afirmou Abdel Rahman.
Quase toda a província de Raqqa está sob controle do EI, exceto as cidades de Tall Abyad e de Ain Isa, de onde a organização extremista foi expulsa pelas FDS.
O EI também enfrenta uma ofensiva na província de Aleppo, onde as FDS avançam para a cidade de Minbej, principal via de abastecimento entre Raqa, capital de fato dos extremistas, e a Turquia.
Na cidade de Aleppo, novos ataques aéreos sobre bairros rebelde deixaram nove mortos, de acordo com o OSDH, um dia depois de bombardeios intensos que mataram dezenas de civis.
De acordo com a imprensa estatal, sete civis morreram em ataques com foguetes disparados pelos insurgentes.
A estrada de Castello, a única que liga os setores rebeldes e o exterior, está bloqueada, segundo o OSDH. Isto significa que as zonas rebeldes, onde vivem 200 mil pessoas, "estão agora totalmente cercadas".
Aleppo, ex-capital econômica na região norte da Síria, está dividida entre bairros rebeldes ao leste e bairros controlados pelo regime ao oeste.
AJUDA 'LIMITADA'
Todas as tentativas de fazer a trégua ser respeitada entre os rebeldes e o regime fracassaram nos últimos dias, assim como os esforços para alcançar uma solução política ao conflito, que em mais de cinco anos deixou 280 mil mortos e milhões de pessoas desalojadas.
A ONU anunciou na sexta-feira que obteve autorização para entregar este mês ajuda humanitária por via terrestre a 12 zonas na Síria.
Mas o regime aceitou apenas a entrega de ajuda "limitada" em três zonas cercadas, incluindo Daraya e Duma, ao mesmo tempo que nega acesso ao bairro Al-Waer em Homs (centro) e à cidade de Zabadani (sudoeste).
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