Radicalismo de Trump em disputa contra Hillary preocupa republicanos
John Moore/Getty Images/AFP | ||
O bilionário Donald Trump, virtual candidato republicano à Presidência dos EUA |
A inquietação do Partido Republicano quanto a ter Donald Trump como candidato à Presidência se tornaram visíveis nesta terça (7), o dia em que Hillary Clinton fez história ao se tornar a primeira mulher a conquistar a indicação presidencial do Partido Democrata.
O sucesso de Hillary em garantir os 2.383 delegados de que precisa para se tornar a candidata de seu partido foi suplantado, porém, pelo crescente rancor do Partido Republicano quanto aos ataques de Trump a um juiz de origem hispânica que preside o julgamento de um processo contra a Universidade Trump, uma de suas empresas, já fechada.
O bilionário empreendedor acusou o juiz Gonzalo Curiel de parcialidade por conta de seus ancestrais mexicanos.
Paul Ryan, o presidente republicano da Câmara dos Deputados, tentou se distanciar de Trump, criticando os comentários do empreendedor de maneira aberta. "Afirmar que uma pessoa não é capaz de fazer seu trabalho por motivo de sua raça serve como que uma definição didática para o significado de comentário racista", disse Ryan.
A acrimônia no campo republicano deu mais impulso a Hillary no exato momento em que ela por fim emergia vitoriosa de uma batalha dolorosa nas primárias contra o senador Bernie Sanders, de Vermont, e começava a concentrar sua força em Trump.
Ryan, que apoiou a candidatura de Trump apenas na semana passada, disse que os comentários dele sobre o juiz Curiel são "completamente inaceitáveis".
Mais de meia dúzia de importantes líderes republicanos reprovaram publicamente os comentários de Trump, e o veredicto de Ryan sublinha a profunda preocupação de alguns republicanos sobre o estrago que os comentários dele podem causar na posição do partido junto ao eleitorado de origem latina, um grupo cada vez mais poderoso nos Estados Unidos.
Timothy A.Clary/AFP | ||
A virtual candidata democrata à Presidência dos EUA, Hillary Clinton, em evento em Nova York |
"Essa é a declaração mais antiamericana de um político desde a era de Joe McCarthy", disse o senador Lindsay Graham ao "New York Times". "Se alguém estava procurando pela rampa de saída, aí está. Chegará o momento em que o amor pelo país valerá mais que o ódio a Hillary".
Os eleitores latinos serão cruciais na eleição geral em novembro. O número deles aptos a votar este ano atingirá o recorde de 27,3 milhões, de acordo com o Pew Research Center, ante 23,3 milhões em 2012. Eles formarão cerca de 12% do eleitorado.
Os Estados indecisos nos quais os latinos exercerão grande influência incluem Flórida, onde eles responderão por 18% do eleitorado; Nevada, onde serão 17%; e Colorado, onde representam 14,5% dos eleitores, de acordo com o Pew.
Chris Jackson, especialista em pesquisas de opinião pública no instituto Ipsos Public Affairs, disse que a trajetória dos republicanos junto ao eleitorado latino já era de baixa. "Quando mais forte for a percepção de que Donald Trump é preconceituoso, especialmente contra os norte-americanos de origem latina, mais difícil se tornará uma vitória republicana em novembro", ele disse.
Enquanto isso, Sanders começa a sofrer pressão mais intensa por uma admissão formal de derrota. No final de semana, ele recebeu um telefonema do presidente Barack Obama, cuja declaração de apoio a Hillary é esperada a qualquer momento, depois de sua vitória nas primárias desta terça.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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