Obama busca unificar democratas por candidatura de Hillary Clinton
O "segredo mais conhecido de Washington" está prestes a ser revelado. Desta forma irônica analistas têm se referido ao esperado apoio do presidente Barack Obama à candidata democrata à Casa Branca, Hillary Clinton.
Ele poderá ser anunciado oficialmente nesta quinta (9), após Obama se reunir na Casa Branca com o senador Bernie Sanders, rival de Hillary na disputa no partido.
Jim Young/Reuters | ||
Artista faz esculturas dos virtuais candidatos à Casa Branca Hillary Clinton e Donald Trump em Illinois |
Se o endosso do presidente à sua ex-chanceler —a primeira mulher na história a disputar a Casa Branca por um partido grande— é questão de tempo, resta saber em que medida o "fator Obama" turbinará as chances de uma vitória democrata contra o adversário do Partido Republicano, Donald Trump.
A esperança da equipe de Hillary é que, além de unir o partido, Obama possa atrair parcelas do eleitorado em que ela levou a pior nas prévias, sobretudo os jovens.
Em 2012, na vitoriosa corrida presidencial contra o republicano Mitt Romney, Obama teve 67% dos votos de eleitores de até 29 anos.
Com a popularidade em alta, em parte graças à recuperação da economia, o presidente tem hoje aprovação de mais de metade dos americanos, algo inédito desde 2013.
Entre os jovens, os índices de Obama são bem maiores. Sondagem do instituto Gallup em abril mostrou que 62% daqueles nascidos depois de 1980 aprovam o presidente.
Mas ter Obama a bordo, também oferece riscos, afirma o comentarista político John Keller, da rede CBS.
"Mesmo com a popularidade em alta, a maioria dos outros eleitores acham que o país está na direção errada, tanto na política doméstica como na externa", disse.
LEGADO
Não há dúvida, porém, que Hillary considera o apoio de Obama uma vantagem. Em sua campanha, ela tem apresentado como trunfo o compromisso de defender o legado do presidente e fortalecer suas ações mais importantes, como a reforma que ampliou a assistência à saúde no país.
O único tema em que Hillary se distancia um pouco de Obama é a política externa, justamente aquele em que os dois trabalharam juntos no governo, quando foi secretária de Estado (2009-2013).
A visão da virtual candidata é tida como mais agressiva, como mostrou em discurso em novembro sobre sua estratégia para a crise na Síria.
"Acho que formamos um bom time, mas deixei claro que temos divergências", disse então. "Quando ainda estava no governo achava que tínhamos que fazer mais para identificar os moderados e ajudá-los a lutar contra o regime [de Bashar al-] Assad."
Um dos desafios da ex-chanceler, portanto, será conseguir um equilíbrio entre o apoio às políticas de Obama, ao mesmo tempo que convence os eleitores indecisos e independentes de que pode melhorar o governo, mesmo sendo continuísta.
Na noite de terça, quando Hillary fez o discurso da vitória que enfatizou o momento histórico como a primeira mulher a se tornar candidata presidencial de um grande partido nos EUA, o presidente telefonou para dar-lhe os parabéns pelo triunfo.
Também num 7 de junho, oito anos antes, Hillary admitia a derrota para Obama na disputa pela candidatura democrata à Casa Branca.
O presidente ainda ligou para Bernie Sanders, a quem elogiou por uma campanha que "empolgou milhões de americanos por seu compromisso com temas como a luta pela desigualdade social". Agora, Obama quer canalizar essa energia para Hillary.
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