Em Orlando, Obama consola vítimas de ataque e defende controle de armas
Foi um ato de terror, mas também um crime de ódio. Foi o que disse o presidente Barack Obama nesta quinta (16) em Orlando, após prestar homenagem às vítimas do pior atentado a tiros da história dos EUA que deixou 49 mortos e chocou uma cidade famosa como destino de milhões de turistas e por seus parques temáticos.
Acompanhado do vice-presidente, Joe Biden, Obama dedicou boa parte de sua visita a prestar solidariedade a sobreviventes e consolar familiares das vítimas do atentado cometido na boate gay Pulse, na madrugada de domingo.
Saul Loeb/AFP | ||
O presidente dos EUA, Barack Obama, e seu vice, Joe Biden, colocam flores no memorial às vítimas |
Mas também reforçou novamente a necessidade de aumentar o controle de armas de fogo nos EUA, um esforço que esbarra há anos na resistência da oposição republicana no Congresso.
Como sempre ocorre após ataques a tiros nos EUA, o antigo e politizado debate em torno do acesso a armas voltou a dividir o país.
O autor do massacre, Omar Mateen, pôde comprar um fuzil de assalto um mês antes de abrir fogo contra os frequentadores da casa noturna apesar ter sido alvo de duas investigações do FBI (polícia federal) por expressar simpatia a grupos extremistas. Durante o tiroteio, ele ligou para a polícia e jurou lealdade à facção terrorista Estado Islâmico.
Mateen também trocou mensagens de celular com sua mulher, Noor Zahir Salman de dentro da boate. "Você vê o que está acontecendo?", perguntou. "Não", ela respondeu. O atirador disse então: "Te amo, bebê", segundo a rede CNN.
Em carta enviada ao fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, o presidente da comissão de Segurança Doméstica do Senado, Ron Johnson, pediu ajuda nas investigações, depois que sua equipe descobriu que Mateen usou a rede social durante o ataque para checar sua repercussão em tempo real.
Em um emocionado discurso diante do improvisado memorial para as vítimas no centro de Orlando, Obama prometeu que os EUA manterão uma campanha militar "sem trégua" contra o EI. Ressaltou, porém, que ataques recentes como o cometido por Mateen são de origem doméstica, inspirados pela "propaganda de ódio" que circula na internet, mas não diretamente ligados a uma conspiração externa.
"Não podemos antever ou capturar cada pessoa tresloucada que deseja ferir seus vizinhos, amigos, colegas de trabalho ou estranhos. Mas podemos fazer algo sobre o tamanho do estrago que eles causam", disse Obama.
"Infelizmente nossos políticos conspiraram para tornar o mais fácil possível para um terrorista ou um indivíduo perturbado como aqueles em Aurora ou Newtown comprar armas extraordinariamente poderosas —e eles podem fazer isso legalmente", lamentou o presidente, referindo-se a dois massacres cometidos em 2012.
A profunda divisão entre os dois grandes partidos sobre o controle de armas de fogo teve mais uma demonstração no Senado, onde os democratas trancaram a pauta para forçar os republicanos a aceitar emendas destinadas a tornar mais rígido a checagem de antecedentes de compradores.
Depois de uma sessão de quase 15 horas que entrou pela madrugada de quinta, o líder da maioria, Mitch McConell aceitou negociar a votação das medidas, entre elas o veto à venda de armas a suspeitos de terrorismo.
Editoria de arte/Folhapress | ||
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