É cedo para saber se legalizar maconha deu certo, diz governador do Colorado
O governador do Estado do Colorado (EUA), John Hickenlooper, do partido Democrata, diz que é necessário mais dois anos de experiência e estudos para afirmar que a legalização do uso recreativo da maconha é um sucesso.
Antes do plebiscito que autorizou a venda da erva para qualquer um acima de 21 anos, em 2012, Hickenlooper chegou a se posicionar contrariamente à medida.
Uma de suas principais preocupações era com um possível aumento do consumo por adolescentes.
O governo gasta US$ 8 milhões por ano em comerciais na TV e nas redes sociais sobre os riscos do uso continuado. São direcionados aos jovens e aos pais e "adultos confiáveis", como professores e técnicos de futebol.
Pesquisa publicada pelo jornal "The Washington Post" no último dia 21 apontou que houve ligeira queda no uso da maconha por jovens em idade escolar. Feita pelo departamento de Saúde Pública do Colorado com 17 mil estudantes, a pesquisa mostrou que 21% usaram maconha nos últimos 30 dias. Esse dado era de 25% em 2009.
Em conversa com a Folha, Hickenlooper afirmou que a situação caminha melhor do que ele esperava, mas que é preciso entender melhor os efeitos do uso continuado da droga no organismo.
Ele cita como exemplo os efeitos da droga sobre a memória e como gatilho de doenças mentais como esquizofrenia ou surtos psicóticos.
Parte da receita com a venda de droga –comercializada em lojas de rua– é usada nesses estudos e em programas de saúde pública.
Segundo artigo da revista "Time", desde a legalização, o Colorado já recolheu mais de US$ 70 milhões.
Em entrevista à Folha publicada no último dia 20, Michael Hancok, o prefeito, também democrata, de Denver disse que a a administração municipal trabalha para transformar a cidade em um "lugar cool", procurado por jovens recém-formados para abrirem seus negócios.
INTERESSE NO BRASIL
Ambos estiveram no Brasil para a Bienal das Américas, cúpula de diversos gestores públicos, no Rio e São Paulo.
Hickenlooper teve uma breve reunião com cinco prefeitos brasileiros e, segundo ele, houve grande interesse sobre o assunto legalização.
"O Brasil é um país diferente, com valores culturais diferentes. Vamos ver como funciona no Colorado. Se funcionou lá, provavelmente poderá funcionar aqui", disse.
Ele lembra que o sistema ainda está em adaptação no Estado. Os produtos comestíveis em formatos de balinhas de goma de urso ou pirulitos foram proibidos, por atrair crianças, e criou-se um sistema para medir a droga no sangue dos motoristas.
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