Só 13% dos homicídios de jornalistas no mundo resultam em processos
Peña/European Pressphoto Agency/NYT | ||
Maguindanao, nas Filipinas, onde pelo menos 32 jornalistas morreram em massacre de 2009 |
Pelo menos 1.195 jornalistas foram mortos por causa de seu trabalho desde 1992. Nos casos identificados como homicídios, porém, apenas 13% resultaram em processos contra os suspeitos.
Em pelo menos 787 casos, jornalistas foram alvos diretos de homicídio, de acordo com o Comitê de Proteção aos Jornalistas. A organização identificou apenas 34 casos nos quais todos os envolvidos no homicídio foram condenados. Os números excluem jornalistas mortos em combate ou outras missões perigosas.
O Iraque e as Filipinas registram o maior número de jornalistas assassinados. Desde 1992, quando o comitê começou a acompanhar esses dados, nenhum homicídio de jornalista foi totalmente resolvido nas Filipinas, Síria ou Índia.
AMERICANOS
Em 5 de junho, Gilkey, repórter fotográfico premiado da rádio pública norte-americana NPR, e seu tradutor, Zabinullah Tamanna, foram mortos quanto o Taleban atacou o veículo que os transportava em Marja, no Afeganistão. Nenhum suspeito foi capturado.
Gilkey é um dos dois jornalistas norte-americanos morto nos 15 anos de conflito no Afeganistão. Em vídeo sobre seu trabalho no Haiti, em 2010, Gilkey falou da importância de trabalhar em lugares perigosos: "Não é só reportar. Não é só fotografar", disse. "O que importa é que as histórias e as imagens mudem o pensamento de alguém a ponto de levar essa pessoa a agir".
O Taleban toma jornalistas por alvo repetidamente, No ano passado, o grupo ameaçou duas das mais populares organizações noticiosas do Afeganistão.
JORNALISTAS LOCAIS
Pelo menos 88% dos assassinatos de jornalistas aconteceram enquanto eles cobriam histórias em seus próprios países. Quase todos eram homens, embora pelo menos 80 mulheres jornalistas tenham sido assassinadas.
Pelo menos 40% dos jornalistas vítimas de homicídio sofreram ameaças. As mortes de outros profissionais de mídia, incluindo tradutores, motoristas e seguranças, vêm sendo acompanhadas desde 2003. Ao menos 55 deles foram mortos no Iraque. No entanto, há menos informação sobre os vínculos entre suas mortes e seus trabalhos do que no caso dos jornalistas.
IRAQUE LIDERA LISTA
O Iraque lidera a lista de 97 países nos quais jornalistas foram assassinados por fazerem seu trabalho. Pelo menos 149 jornalistas locais e 23 estrangeiros foram mortos no país.
O Estado Islâmico foi responsável pela morte de pelo menos 24 jornalistas desde 2013, principalmente no Iraque, mas também na Síria, Turquia e França. O grupo começou a sequestrar jornalistas em busca de resgate, e muitos foram torturados antes de serem mortos.
James Foley, sequestrado em 2012 e decapitado em agosto de 2014, foi o primeiro jornalista norte-americano morto pelo Estado Islâmico na Síria. Os militantes também reivindicaram a responsabilidade pela morte de Ruqia Hassan, a primeira mulher jornalista a ser morta pela facção.
A Síria registra o segundo maior número de jornalistas assassinados nos últimos 24 anos, seguida de perto pelas Filipinas, onde os jornalistas há muito vivem sob ameaça. As Filipinas registram um dos maiores números de homicídios e um dos mais baixos números de condenações, ainda que o país não esteja em guerra ou envolvido em conflitos no momento.
Rodrigo Duterte, o presidente eleito das Filipinas, declarou no mês passado que "só porque você é jornalista, não quer dizer que esteja isento de assassinato". Ele justificou o homicídio de alguns repórteres locais dizendo que talvez fossem corruptos. Depois mudou de posição e disse que "não aprovo nem tolero o assassinato de jornalistas, não importa que motivos tivessem os matadores e nem a razão para sua morte".
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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