União Europeia e Londres divergem sobre ritmo da saída britânica do bloco
Os países da União Europeia voltaram a pressionar o Reino Unido nesta sexta-feira (1º) a acelerar a saída do bloco. Enquanto isso, os britânicos que concorrem para conduzir o processo querem mais tempo para a cisão.
O bloco tem pressa para a separação devido ao risco de prejuízo às economias da região, que ainda se recupera da crise econômica de 2008, e à pressão interna para que outros países também optem por deixar a União Europeia.
Depois de uma reunião com o atual primeiro-ministro britânico, David Cameron, o presidente da França, François Hollande, disse que uma saída rápida evitaria incertezas. "Quanto mais rápido for, melhor para eles", disse.
As declarações foram feitas após os dois principais candidatos à liderança do Partido Conservador –Theresa May e Michael Gove– defenderem que só será possível iniciar a negociação com Bruxelas no ano que vem.
Para eles, que, disputam automaticamente o cargo de premiê ao concorrerem a líder do partido majoritário, é necessário organizar a proposta antes de enviá-la à UE.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, quer que a negociação comece em setembro, logo depois que o novo líder conservador for eleito. "Não temos tempo a perder: não podemos adicionar mais incerteza à incerteza", afirmou.
As pressão pela aceleração do processo é feita no dia em que a comissária de comércio da UE, Cecilia Malmström, disse que não há previsão de início das negociações de acordo de livre-comércio entre Reino Unido e a União Europeia até que os britânicos deixem o bloco.
Segundo Malmström, o processo todo pode levar até dez anos para ser concluído.
CONTAS PÚBLICAS
Nesta sexta, o secretário das Finanças britânico, George Osborne, declarou que provavelmente terá que abandonar a meta de superavit para 2020 devido ao impacto do Brexit nos cofres públicos.
Assim como os líderes de países da UE, ele defendeu a rapidez do processo para evitar um deficit. "Temos que reduzir a incerteza avançando o mais rápido possível a uma nova relação com a Europa e sendo supercompetitivos."
A saída britânica da UE também preocupa Londres pelo risco de fuga de empresas para outros mercados do bloco europeu, principalmente instituições bancárias.
A companhia aérea EasyJet anunciou que solicitou um certificado de operador aéreo em outro país não especificado da União Europeia, diante da possibilidade de que o Reino Unido abandone a UE.
Este certificado, fornecido pelo organismo regulador do setor aéreo em cada país, "permitirá que a Easyjet voe por toda a Europa, como faz hoje", anunciou a empresa em um comunicado.
Por sua vez, o fundo de investimentos britânico Fidelity anunciou que transferirá cem funcionários de Londres a Dublin, embora tenha afirmado que a decisão foi tomada antes do referendo.
Para o membro da diretoria do Banco Central Europeu Benoit Coeuré, as incertezas em torno do Brexit no plebiscito britânico prejudicarão a recuperação econômica de toda a zona do euro.
"Essa situação é lamentável porque a recuperação está chegando", segundo o membro do diretório do BCE.
No Chile, os países da Aliança do Pacífico defenderam a maior integração na América Latina como forma de enfrentar a saída britânica da União Europeia.
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